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SANTO INÁCIO DE LOYOLA


Diário Espiritual DE
Santo Inácio de Loyola

O Diário Espiritual de Santo Inácio nos convida a seguir, por mais de um ano (2 de fevereiro de 1544 a 27 de fevereiro de 1545), os movimentos mais secretos da alma de um santo. Mais felizes que o Pe. Gonçalves da Câmara, o confidente a quem Inácio recusou comunicá-lo, nós hoje podemos ler esse Diário que tanto mais transtorna nossos conceitos quanto mais esclarece, com luz inesperada, a fisionomia do autor dos Exercícios Espirituais. 

Diário? A palavra é muito imprópria. “Sentimentos internos de alma” escreveu alguém na página de título do autógrafo. Com efeito, não se trata de um diário, onde se escreveriam acontecimentos para alegria dos biógrafos, mas desta trama frágil e quase inapreensível que tenta, por meio das palavras, fixar os movimentos que o Espírito de Deus imprime a uma alma, o vestígio de sua passagem, misterioso e desconcertante como o vento, a palpitação da vida divina através da sensibilidade e vontade humana. 

“A maneira que ele empregava ao escrever As Constituições da Companhia de Jesus, era celebrar cada dia a missa e apresentar a Deus o ponto tratado, tendo oração sobre ele: e sempre fazia oração e celebrava a missa com lágrimas” (Autobiografia 101). No curso dos 13 meses em que se entende o fragmento do Diário que no ficou, temos muitos exemplos desta meditação incessante, erguida para Deus como questão e oblação, para se mover depois como ocasião e ação. (M. Giuliani, S. J. Introd. PP. 9-10).

introdução

            
Os primeiros Jesuítas, reunidos em Paris por Santo Inácio, tendo acabado seus estudos na Sorbona, vieram para a Itália, com a intenção de partirem de Veneza para a Terra Santa, conforme seu voto. Não o podendo realizar, por falta de navio naquele ano de 1537-1538, apresentaram-se ao Papa Paulo III para que os empregasse no serviço de Deus, segundo a promessa feita.
            
Em Roma deliberaram e resolveram que continuariam unidos e para isso constituíram Ordem Religiosa, sob a obediência de um superior. Determinaram em conjunto os pontos essenciais do novo Instituto, que chamariam Companhia de Jesus. Aprovado pelo Papa em 1540, procederam à eleição do Superior Geral, resultando eleito Inácio de Loyola.
            
Não sendo possível reter o grupo em Roma, porque o Papa os destinava a diversas missões na Europa e fora dela, nomearam Inácio e um dos primeiros companheiros, João Coduri, para continuarem o trabalho de redação das Constituições. Em 1542 falecia João Coduri, e Inácio continuava sozinho essa tarefa.


1ª Descrição do Códice e sua História

Em princípios de 1544, estudava Santo Inácio qual deveria ser a pobreza da Companhia de Jesus, ponto já visto rapidamente pelo grupo. Este período se caracterizou por grandes graças e comunicações celestes, que ele descreveu, dia por dia. Num 1º caderno, que vai de 2 de fevereiro a 12 de março de 1544: são 40 dias, consignados em 14 folhas ou 28 páginas autógrafas, sobre sentimentos íntimos na questão da pobreza das igrejas da Companhia, a respeito de poderem ter rendas fixas ou não. Num 2º caderno vai de 13 de março a 27 de fevereiro de 1545: são 12 folhas ou 24 páginas também autógrafas, que apontam, com muito mais brevidade, quase um ano inteiro de movimentos de alma, sobre diversas matérias das mesmas Constituições, que Inácio continuava a estudar e escrever. 1ª questão era sobre as Missões, a que o Papa e o Superior da Companhia podem mandar os Jesuítas. Nela o Santo se demorou dois meses, de 17 de março a 17 de maio.

Isto que chamamos Diário, que começa e termina abruptamente, abrangia certamente outros cadernos e se estendia por outros anos, porque o maço que Inácio mostrou ao Pe. Luiz Gonçalves da Câmara em 1555 era bastante grande. Perderam-se ou o Santo os destruiu, pois não se destinavam ao público, nem sequer ao restrito da sua Companhia, mas eram anotações íntimas, um memorial das graças recebidas de Deus, que queria ter diante dos olhos para as agradecer continuamente à divina bondade.

2ª conteúdo do Códice

O Diário é o escrito que mais profundamente nos introduz na alma de Santo Inácio. Só se fala das moções de Deus em favor de seu espiritual. Começa por colocar-nos diante dos olhos uma eleição no método dos exercícios Espirituais, não em teoria, mas na prática: como ele é levado por Deus a eleger uma pobreza radical também para as Igrejas da Companhia. Observa o que prescreve seu livro dos Exercícios sobre os dois tempos de eleição: usa da razão humana para descobrir os motivos que o inclinarão para tal pobreza e seus contrários, e espera a iluminação de Deus na oração, principalmente eucarística, que virá dissipar as últimas dúvidas sobre a escolha feita. Conserva-se o escrito autógrafo, em que Santo Inácio enumerou as razões pró e contra essa pobreza, que colocamos em apêndice nesta edição.

Põem-se em jogo todas as faculdades humanas, a inteligência, a vontade, a imaginação e a sensibilidade, numa introspecção atenta e penetrante; e no tempo da oração, usa-se da intercessão da SSm.ª Virgem e de Jesus homem, para se chegar ao Pai e n’Ele às Pessoas divinas em sua essência e relações íntimas.

O Diário proporcionou a seus leitores a maior surpresa na descoberta de uma mística singular, cujos segredos não foram ainda suficientemente estudados. Enquanto o livro dos Exercícios Espirituais é um tratado prático de ascética, o Diário nos desvenda o fruto mais precioso desse esforço, numa elevação concedida gratuitamente por Deus ao mais alto grau de união mística com Trindade Santíssima. Assinalam-se como pontos essenciais da mística inaciana, a visão simples e intuitiva das coisas celestes.

São três as suas maiores características:

v É uma mística Trinitária, em que são revelados a Inácio os grandes mistérios da unidade e trindade de Deus.

v É uma mística Eucarística, tudo se realiza em torno da Eucaristia, nas orações preparatórias do despertar, do quarto e da capela antes da missa, durante o Sacrifício, depois dele na ação de graças e mesmo durante o dia como um prolongamento eucarístico.

v É uma mística de serviço de amor e não tanto de união de amor, pois o Santo não desfruta simplesmente de Deus possuído, mas com Ele possuído se volta inteiramente em favor dos homens, imagens de Deus, amando-os n’Ele para os salvar.


A vida de oração de Santo Inácio


DE NOSSA SENHORA - Sábado [2 de fevereiro]. Abundância de devoção na Missa, lágrimas e crescida confiança em Nossa Senhora. Então e por todo o dia, mais inclinado a não ter nada.

Ø Comentário: Às anotações de cada dia o Santo costuma antepor a indicação da Missa celebrada, ora de Nossa Senhora, ora do Nome de Jesus, ora da SSma. Trindade, ora do dia do Domingo. Toda a sua vida mística gira em torno da Eucaristia. (Larr. BAC. 683).

DA TRINDADE - Quinta-feira [7 de fevereiro]. Antes da Missa, muita abundância de devoção e lágrimas. Por todo o dia, calor e devoção notável (até a noite). Sempre mais firme e movido a não ter nada. Ao tempo da missa, impressão de ter um acesso notável, com bmuita devoção e moção interior, para rogar ao Pai; parecia-me que os dois Mediadores, tinham intercedido, com algum sinal de vê-lo.

Ø Comentário: É o Tríplice colóquio tão comum nos Exercícios: pela Mãe ir ao Filho, e pelo Filho ao Pai. Um traço vertical grosso ou dois, ao depois, correspondem a um sinal de S. Inácio posto á margem do manuscrito (duas linhas verticais cruzadas por uma horizontal); parece indicar visão sobrenatural (Cod. MHSJ s. 3,88).

DE JESUS - Sexta-feira [8 de fevereiro]. Após notável devoção, fiquei em oração e lágrimas. Desde a preparação e durante a Missa, muita abundância de devoção e igualmente lágrimas, parando nas palavras, quando era possível. Sempre no desejo de não ter nada.

Logo depois da Missa, devoção, não sem lágrimas. Examinei as eleições por hora e meia ou mais. Apresentava-me o que me parecia melhor por razões ou por maior moção da vontade, a saber, não ter renda alguma. Querendo apresentar ao Pai, por mediação e rogos da Mãe e do Filho, fiz primeiro oração a ela, para que me ajudasse com seu Filho e com o Pai. Depois orei ao Filho me ajudasse com o Pai em companhia da Mãe. Então senti em mim um ir ou ser levado perante o Pai, e neste andar, levantarem-se-me os cabelos e mover-se todo o corpo, à maneira de ardor notabilíssimo. Como consequência disso, lágrimas e devoção intensíssima.

Ø Comentário: “ter alguma parte de renda”, neste caso, “lhe causava confusão”. É quase a mesma frase de Santa Teresa: “Outra vez me disse o Senhor que na renda estava a confusão, e outras coisas em louvor da pobreza, assegurando-me que não lhe faltaria o necessário a quem o servia”. (Autobiogr. 35 BMC I, 289) apud Larr. (BAC 24, 685).

DO ESPÍRITO SANTO - Segunda-feira [11 de fevereiro]. Em meio da oração costumada, sem eleições, me pus a oferecer ou rogar a Deus Nosso Senhor, que a oblação passada fosse por sua divina Majestade. Bastante devoção e lágrimas. Depois, um espaço adiante, colóquios com o Espírito Santo para celebrar sua missa, com a mesma devoção e lágrimas. Parecia-me vê-lo e senti-lo em caridade espessa ou em cor de chama de fogo, de modo insólito. Em todo isso me confirmava a eleição feita.

Ø Comentário: Esta anotação do Diário nos revela o papel que representa a teologia do Espírito Santo na vida interior trinitária de S. Inácio (Larr. 689). Sua manifestação firma a eleição feita e parece completá-la. Mas o Santo não se dá por satisfeito, enquanto não se declaram as três Pessoas divinas e assim continua na expectativa (Giul. 52).

Em seguida, para refletir e entrar pelas eleições decidido, tomei a lista com as razões escritas, para discorrer por elas, fazendo oração a Nossa Senhora, depois ao Filho e ao Pai, para que me deem seu Espírito, para refletir e para discernir. Embora falasse já como de assunto acabado, sentindo bastante devoção e certas inteligências com certa clareza de vista, me assentei, olhando de relance o ter todo, em parte ou nada, e me vinha o desejo de não considerar mais razões algumas. Nisto vieram-me outras inteligências, a saber como o Filho antes enviou os Apóstolos a pregar em pobreza; e depois, o Espírito Santo, dando seu espírito e línguas, os confirmou: assim o Pai e o Filho, enviando o Espírito Santo, todas as três Pessoas confirmaram tal missão.

Com isto entrou em mim maior devoção, e foi-se-me todo desejo de considerar mais este assunto. Com lágrimas e soluços, de joelhos, fiz a oblação de não ter nada ao Pai. Tantas lágrimas pelo rosto abaixo e soluços, de joelhos, ao fazer a oração e depois, que quase não me pude levantar, de tantos soluços e lágrimas da devoção e da graça que recebia. Finalmente me levantei, e levantando, acompanhava-me ainda a devoção com os soluços. Eles me vinham, por ter feito a oblação de não ter nada, dando-a por confirmada e válida etc.

Depois, daí a um pedaço, andando e recordando-me do que passara, nova moção interior para a devoção e lágrimas. Daí a outro pedaço, ao sair para a missa, antes da breve oração, devoção intensa e lágrimas, ao sentir ou ver de certo modo o Espírito Santo, e o assunto da eleição como acabado. Não pude ver nem sentir a nenhuma das outras Pessoas divinas. Em seguida, na capela, antes da missa e durante ela, abundância de devoção e lágrimas. Depois, grande tranquilidade e segurança de alma, como quem cansado descansa com muito repouso. Vontade de não buscar nem querer coisa alguma, considerando o assunto por acabado, só aceitando dar graças, por devoção ao Pai e à missa da Trindade, como antes pensara celebrá-la terça-feira de manhã.

Ø Comentário: Nesta sua experiência Inácio menciona até oito vezes as lágrimas deste dia, acompanhada duas vezes de soluços. Confirmada a eleição, só pensa em continuar para dar graças a Deus, no dia seguinte, como resolvera, “por devoção à SSma. Trindade e à sua Missa.

DE NOSSA SENHORA NO TEMPLO: SIMEÃO – Quinta-feira [15 de fevereiro]. À primeira oração, ao nomear o Pai Eterno, vinha-me uma sensível doçura interior e se prolongava, não sem moção de lágrimas. Mais adiante, bastante devoção, tornando-se até o fim muito maior, sem se descobrirem os Mediadores nem as Pessoas Divinas. Depois, ao sair para a Missa, começando a oração, sentia e representava-me Nossa Senhora, e quanto havia faltado o dia passado, não sem moção de alma e de lágrimas. Parecia-me ter envergonhado a Nossa Senhora em rogar por mim tantas vezes por tantas minhas, tanto que se me escondia Nossa Senhora e não encontrava devoção nem nela nem mais acima. Daí a pouco, como não achava Nossa Senhora, busquei acima e veio-me grande moção de lágrimas e soluços, com certa visão e sentimento de que o Pai celestial se me mostrava propício e doce, a tal ponto que dava sinal de lhe agradar fosse rogado por Nossa Senhora, a qual eu não podia ver.
            
Ao preparar o altar, depois de paramentado e na missa, com as muito grandes moções interiores, abundantes e muito intensas lágrimas e soluços, perdia muitas vezes a fala. Igualmente, depois de terminada a missa, em muita parte deste tempo da Missa, de sua preparação e após, sentia muito e via a Nossa Senhora muito propícia diante do Pai, tanto que nas orações ao Pai, ao Filho e no momento da consagração, não podia deixar de a sentir e ver, como quem é parte ou porta de tanta graça que em espírito sentia. Ao consagrar, fazia-me compreender que sua carne estava na do Filho, com tantas inteligências que não se poderia escrever. Sem duvidar da primeira oblação feita.

Ø Comentário: Missa da festa da Purificação de Nossa Senhora ou da Apresentação do Menino Jesus ao Templo, quando o santo velho Simeão o tomou nos braços: celebra-se a 2 de fev. Contemplação para alcançar o amor: “ver como estou diante de Deus Nosso Senhor, dos Anjos e dos Santos a intercederem por mim” (EE.EE. 232). Aqui como em outras partes, note-se a ordem de suas ações cotidianas: despertar, oração na cama, levantar-se e vestir-se, nova oração chamada do quarto ou câmara, sair do quarto para a capela, preparar o altar, oração de preparação para a missa, paramentar-se entre breves orações, ir para o altar e começar a missa.

Missa do dia – Domingo [24 de fevereiro]. Na oração costumada, do princípio ao fim inclusive, assistência de graça muito interna e suave e cheia de devoção calorosa e muito doce. No preparar o altar e no paramentar-me, representação do nome de Jesus com muito amor. Confirmação e crescida vontade de segui-lo, lágrimas e soluços. Ao longo de toda a missa, muito grande devoção e muitas lágrimas, perdendo a fala bastantes vezes. Todas as devoções e sentimentos terminavam em Jesus, sem poder-me aplicar às outras Pessoas, senão quase à primeira Pessoa, à que era Pai de tal Filho. Sobre isto vinham-me réplicas espirituais: “De que modo Pai, de que modo Filho!”.

Confirmação de Jesus
Acabada a Missa, na oração, fiquei-me com esse santo Filho. Como eu desejara a confirmação pela SSm.ª Trindade, sentia que me era comunicada por Jesus, o qual se mostrava a mim e me dava tanta força interior e segurança de confirmação que não temia o que viria. Acudindo-me à mente suplicar a Jesus me alcançasse perdão da SSm.ª Trindade, vinha-me devoção crescida, com lágrimas soluços e esperança de alcançar a graça, achando-me tão decidido e confirmado para o diante.

Depois, junto a braseiro, nova representação de Jesus, com muita devoção emoção de lágrimas. Em seguida, andando pela rua, representação de Jesus com grandes moções de lágrimas. Depois que falei a Carpi, na volta, igualmente sentimento de muita devoção. Após o comer, principalmente depois que passei pela porta do Vigário, em casa de Trana, sentimento ou visão de Jesus, muitas moções interiores e muitas lágrimas.
Em todo este tempo, com tanto calor e visitação interior rogava e replicava a Jesus me Alcançasse perdão da SSm.ª Trindade, continuando a sentir em mim uma confiança grande de o impetrar. Nestes tempos havia em mim tanto amor em sentir ou ver Jesus que me parecia já não poder vir coisa capaz de apartar-me dele, nem de fazer-me duvidar a respeito das graças ou confirmação recebida.

Ø Comentário: Missa do domingo da Quinquagésimo, 50 dias antes da Páscoa e seu oitavário. À margem Inácio escreve de novo Confirmação de Jesus, como nome da Companhia.

De são mateus – Segunda-feira [25 de Fevereiro]. A oração primeira, com bastante devoção; mais ao diante, com muito calor e assistência de muita graça. Embora, de minha parte e por alguns impedimentos que me vinham de outros, achasse facilidade para me distrair, não procurava nem buscava confirmação, mas desejava reconciliação com as três Pessoas divinas.

Depois, paramentado para celebrar, não sabendo a quem me encomendar ou por onde começar, Jesus se me comunica, e acode-me à mente isto: “Quero seguir adiante” e assim entrei na confissão: Confiteor Deo, como Jesus dizia no Evangelho do dia: Confiteor tibi etc. Com isto, entrando mais adiante na confissão, nova devoção, não sem moções a lágrimas. Avançando na missa, com muita devoção, calor e lágrimas, perdia algumas vezes a fala. Nas orações ao Pai me parecia que Jesus apresentava ou acompanhava as que eu pronunciava diante do Pai, com sentimento ou visão que não se pode explicar.

Acabada a missa, desejo de reconciliar-me com a SSm.ª Trindade. Suplicava isto a Jesus, não sem lágrimas e soluços, assegurando-me não ter necessidade alguma de confirmação, não a pedindo nem a sentindo, nem tão pouco a de celebrar missas para este efeito, mas tão só de reconciliar-me.

Ø Comentário: Oração que costumava fazer antes de levantar-se. É notável que após 18 de fevereiro Nossa Senhora não apareça mais até 7 de março. Depois que foi confirmado por Jesus, Inácio parece achegar-se a Ele sem a mediação de Maria, que ocupava antes lugar tão grande e à qual o próprio Pai o remetia. Quando procura a quem se encomendar, ele se volta de preferência a Jesus como que espontaneamente. (Giul. 73). Sempre que se fala de Jesus com respeito à SSm.ª Trindade, Inácio o entende em sua humanidade. Quando quer acentuar a divindade, usa em geral a palavra Filho. Assim S. Paulo “Porque há um só Deus e um só mediador igualmente de Deus e dos homens, o homem Cristo Jesus, que se deu a si mesmo como preço de resgate por todos” (1 Tim. 2,5) (Larr. 719).

Das chagas – Quinta-feira [29 de fevereiro]. Na oração costumada, do princípio até o fim inclusive, muito grande devoção e muito lúcida, cobrindo os pecados e não deixando pensar neles. Fora de casa, na Igreja, antes da missa, visão da página celeste ou do Senhor dela, à maneira de inteligência de três Pessoas; e no Pai, a segunda e a terceira. Na missa, de tempos a tempos, bastante devoção, sem inteligência nem moções algumas a lágrimas. Acabada a missa, visão igualmente da pátria ou do Senhor dela, de modo não distinto, depois mais claro, conforme outras vezes sucede, ora mais ou menos. O dia todo, especial devoção.

Ø Comentário: Missa das Cinco Chagas de Cristo, que se celebrava então na VI.ª feira, depois da IV.ª feira de cinzas, e mais tarde se celebrou na VI.ª feira após o 3.º domingo da quaresma.

Conclusão

O livro, (Diário) que na 1.ª folha em branco recebeu de mão desconhecida o título Interna mentis sensa = Sentimentos internos de Alma, e na última folha também em branco “Consolações e visitas espirituais de Nosso Pai Santo Inácio”, leva-nos a compreender, em exemplo privilegiado, o que pretendem obter os Exercícios pelo exame das orações, consolações e afetos: volta sobre si mesmo, mas na oração e para captar a ação de Deus. Por uma tal oração, semelhante ao borbulhar de fonte que se alimenta nas profundezas mais secretas, onde a alma não atinge nada mais senão a presença do Senhor, é preciso dizer que todos os instantes de um destino humano ficam inteiramente transformados.
            
“O movimento da oração torna-se tão fácil, tão natural, tão tranquilo como o pulsar do coração ou o ritmo da respiração. Ele acompanha e governa o desabrochar da sensibilidade, regula e esclarece a reflexão, sustenta a vontade, mantendo-a tanto firme em seu propósito como aberta a todas as inspirações. O diário de Inácio nos ficou como uma dessas testemunhas providenciais, graças ás quais adivinhamos até que ponto a oração pode ser uma vida, interior à nossa vida”. (Giul. p. 20).
            
“O Pe. De Guibert mostrou que a vida mística inaciana não poderia enquadrar-se nem na mística especulativa, cujo tipo acabado é São João da Cruz, nem na mística afetiva, à maneira de São Francisco de Assis, mas tem lugar “numa mística do serviço de Deus por amor”. Fica pois por explicar esta estranha aliança de passividade, sem a qual não há vida mística, e de atividade, sem a qual não há serviço, pois o serviço inaciano supõe a movimentação de todas as faculdades humanas.
            
O Diário descreve, ao correr dos dias, o retrato interior de um santo em contínua receptividade das moções divinas, vivendo com incrível intensidade o drama do acesso ao mistério, sem nada perder de sua lucidez, domínio e força de ação. Parece que toda a sua passividade consiste em se aniquilar no ato do acatamento, para reencontrar, mais puras e mais retas, as forças de sua inteligência e de sua vontade. A abnegação é então a tal ponto radical que não é mais ele que serve a Deus, mas Deus que se serve dele.
            
Por fim, o Apóstolo não tem senão um sonho, o de morrer de amor por seu Amado, e não cessa de morrer cumprindo a todo o instante a tarefa para a qual é irresistivelmente conduzido. Mas é então que ele recebe a confirmação, como selo vindo de Deus: sua morte mística tornou-se o princípio de uma vida nova que o liberta para outras tarefas. E isto se irá repetindo, ao ritmo da graça, incansavelmente, até que chegue a confirmação definitiva, para além do último suspiro e da morte física, na “visão da pátria ou de seu Senhor” (Giul. pp. 35-36).


Referência:
Diário Espiritual de Santo Inácio de Loyola – Edições Loyola – São Paulo – Brasil – 1977.

FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.

O CONTEXTO PAGÃO E O GNOSTICISMO


O CONTEXTO RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO

II.- O CONTEXTO PAGÃO

Se as raízes do cristianismo afundam profundamente em terra judaica, seu desenvolvimento realiza-se logo no contexto pagão. O mundo pagão era profundamente religioso; porém, essa religiosidade apresentava-se sob as formas mais diversas. A religião greco-romana era sincretista e popular. O povo continuava apegado às divindades locais e expressava assim sua lealdade cívica. Porém, ao mesmo tempo, o horizonte religioso havia-se alargado para oferecer entrada a elementos das mais diversas procedências, enquanto as praticas religiosas tradicionais se haviam enriquecido com elementos exóticos.

Supostamente, os antigos templos continuavam em pé e os antigos ritos eram praticados por multidões; porém os nomes dos deuses haviam-se multiplicado e misturado em toda sorte de combinações. Novas formas de culto haviam-se propagado por todo o império. Além disso, as associações religiosas tinham surgido por toda parte, e o culto ao imperador havia-se estendido por todo o mundo civilizado.

5.- O gnosticismo

As religiões mistéricas prometiam ao homem a salvação mediante a iniciação; a gnose pretende o mesmo, porém através do caminho do conhecimento. Entre as idéias centrais da gonose, podemos assinalar: uma concepção da divindade completamente transcendente, que só pode expressar-se mediante negações e à qual não se pode atribuir nada que seja negativo; esta deidade compreende uma polaridade masculino-feminina e reunida num matrimônio divino, que forma o deus desconhecido, mas continuamente gerador.

Junto a esta idéia da atividade, encontramos o mito de Sofia, criadora do cosmos através de uma falta que produz o Demiurgo, o criador da realidade pervertida. O Demiurgo é o chefe dos Arcontes, que controlam os planetas. Fundamental no pensamento gnóstico é a idéia de dualismo, tanto na contraposição luz-trevas como na oposição alma-corpo ou espírito-matéria: o deus desconhecido, como o homem interior, pertence ao reino da luz; o Demiurgo, os Arcontes e o mundo, ao das trevas.

No pensamento gnóstico o homem faz parte da deidade. Segundo uma forma de mito, a alma origina-se nas esferas celestes, porém é enganada pela libido e cai através das sete esferas celestes, cada uma das quais arranca-lhe uma de suas propriedades, até encerrar-se no corpo que lhe serve de cobertura.

Ligada a estas concepções esta a idéia central do salvador: pode ser uma realidade celeste, um personagem do passado ou inclusive uma pessoa viva. O salvador possibilita o retorno à pátria celeste, revelando a “gnósis”, conhecimento secreto transmitido pelos deuses e conservado na tradição esotérica. O salvador diz em conhecido hino gnóstico: “Eu te revelarei os segredos do caminho sagrado, que se chama gnósis”.

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SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.

O CONTEXTO PAGÃO E AS RELIGIÕES MISTÉRICAS


O CONTEXTO RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO

II.- O CONTEXTO PAGÃO

Se as raízes do cristianismo afundam profundamente em terra judaica, seu desenvolvimento realiza-se logo no contexto pagão. O mundo pagão era profundamente religioso; porém, essa religiosidade apresentava-se sob as formas mais diversas. A religião greco-romana era sincretista e popular. O povo continuava apegado às divindades locais e expressava assim sua lealdade cívica. Porém, ao mesmo tempo, o horizonte religioso havia-se alargado para oferecer entrada a elementos das mais diversas procedências, enquanto as praticas religiosas tradicionais se haviam enriquecido com elementos exóticos.

Supostamente, os antigos templos continuavam em pé e os antigos ritos eram praticados por multidões; porém os nomes dos deuses haviam-se multiplicado e misturado em toda sorte de combinações. Novas formas de culto haviam-se propagado por todo o império. Além disso, as associações religiosas tinham surgido por toda parte, e o culto ao imperador havia-se estendido por todo o mundo civilizado.

4.- Religiões Mistéricas

Apesar das diferenças seu objetivo comum é alcançar a união entre o homem e a divindade. A união trazia a salvação (sotería) face às forças do caos e da morte no contexto do ciclo anual de renovação dos cultos agrários. A salvação adquiria-se mediante o rito de iniciação, que permitia ao iniciado a comunhão com a divindade e a participação nos segredos do mistério.

O culto consistia na representação do mito do triunfo do deus sobre os inimigos e sobre a morte (rito). Através desta representação, transmitia ao adepto o conhecimento secreto da vida da divindade e dos meios de unir-se a ela. O iniciado era obrigado ao mais estrito segredo, e a disciplina do arcano era zelosamente observada. Apesar de todos os elementos comuns as diversas religiões mistéricas conservavam sua individualidade e suas próprias características. As mais importantes são:

a.- Mistérios eleusinos

O mito central é constituído pela história de Deméter. A deusa da terra, cuja filha Perséfone,ou Koré, tinha sido arrebatada pelo deus de além no hades, busca sua filha desesperadamente e detém o crescimento de toda a vegetação até que Zeus lhe permita de novo a união com sua filha. Como sinal de reconciliação com os deuses e com os homens. Deméter permite de novo a vegetação crescer e reaviva a natureza que está morrendo. Mediante adequados ritos, o iniciado adquiria a certeza de que também a ele, apesar da morte, estava reservado o novo nascimento, graças a adoção pela deusa mãe.

b.- Mistérios dionisíacos

O mito central apresentava-se de diversas formas. Dionisios era fruto da união de Zeus com Selene. O deus supremo salva-o do ventre da mãe, quando o raio da cólera divina a destrói, e implanta-o na própria coxa. Dionisios será assim “duplamente nascido” (re-nato). Hermes transporta-o à cabana das Ninfas, onde crescerá. O mito conta sua perseguição e sua morte pelos titãs, com diversas versões sobre sua ressurreição. O deus que morre e ressuscita será considerado o deus da vida que renasce. Os iniciados celebravam o culto dionisíaco várias vezes ao ano.

c.- Mistérios órficos

Constituem modificações dos mistérios dionisíacos, despojados do caráter orgiástico e transformados numa doutrina de purificação. Pretendiam reportar-se ao mítico Orfeu, que com sua música encantou a natureza inclusive o deus de além-túmulo, porem foi devorado pelas bacantes. No fundo trata-se da continua luta entre o bem e o mal (vida e morte) presentes no homem e na natureza.

d.- Mistérios de Cibele

O mito central era constituído pelo amor da deusa Cibele ao pastor Átis. Perante a infidelidade deste, a deusa enlouqueceu-o, e na loucura ele próprio castrou-se, morrendo em conseqüência disso. Cibele desolada recuperá-lo da morte. Característico dos mistérios de Cibele era o taurobolium, espécie de batismo de sangue de um toro que representava Átis de cuja morte o iniciado recebia nova vida.

e.- Mistérios de Ísis e Serápis

O culto foi introduzido por Ptolomeu I numa tentativa de fundir a religião egípcia com a grega. O nome de Serápis reflete os dos antigos deuses egípcios Osíris-Ápis. O mito central era constituído pela morte de Osíris o irmão-esposo de Ísis, assassinado por seu irmão Seth ou Tifon, que atirou o corpo num ataúde no Nilo. Ísis procura-o por toda parte; encontra-o finalmente em Biblos e o traz para o Egito. Porém, Seth despedaça o cadáver em 14 partes e as espalha. Ísis, por sua vez, procura os pedaços e reúne o corpo de Osíris, que, assim, pode viver de novo como  juiz dos mortos. O culto público consistia em duas festas anuais, no outono e na primavera. Mediante ele, o iniciado adquire a salvação e renasce transformado “como o próprio sol”.

f.- Mistérios de Mitra

Originalmente Mitra era um deus iraniano, irmão de Ahura Mazda, cujo culto se carregou de elementos astrológicos e escatológicos na Babilônia e implantou-se como religião mistérica na Ásia Menor.

Daí foi importado e difundido pelos soldados romanos, entre os quais foi muito popular, em todas as fronteiras do império. Diocleciano elevou-o à categoria de deus do império, identificando-o com o Sol Invictus. No mito central, Mitra nasceu de uma rocha, símbolo do universo, com uma faca, uma tocha e um gorro frígio.

Seu primeiro grande combate foi com o touro primordial ao qual terminou matando como um ato de criação, já que do touro nasceram todos os animais. Mitra converteu-se no protetor do universo e dos homens, destrói as forças do mal e guia as almas dos mortos nas esferas celestes. A iniciação (reservada aos varões) começava com o batismo e incluía uma comida sagrada da qual participavam unicamente os iniciados de graus superiores. Também era praticado o taurobolium. Existiam sete graus de iniciação. A passagem progressiva através deles antecipava em vida a viagem da alma pelas sete esferas celestes até a felicidade definitiva.

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SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.

O CONTEXTO PAGÃO E O CULTO IMPERIAL


O CONTEXTO RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO

II.- O CONTEXTO PAGÃO

Se as raízes do cristianismo afundam profundamente em terra judaica, seu desenvolvimento realiza-se logo no contexto pagão. O mundo pagão era profundamente religioso; porém, essa religiosidade apresentava-se sob as formas mais diversas. A religião greco-romana era sincretista e popular. O povo continuava apegado às divindades locais e expressava assim sua lealdade cívica. Porém, ao mesmo tempo, o horizonte religioso havia-se alargado para oferecer entrada a elementos das mais diversas procedências, enquanto as praticas religiosas tradicionais se haviam enriquecido com elementos exóticos.

Supostamente, os antigos templos continuavam em pé e os antigos ritos eram praticados por multidões; porém os nomes dos deuses haviam-se multiplicado e misturado em toda sorte de combinações. Novas formas de culto haviam-se propagado por todo o império. Além disso, as associações religiosas tinham surgido por toda parte, e o culto ao imperador havia-se estendido por todo o mundo civilizado.

3.- O culto imperial

O elemento mais expressivo e de maior influência unificadora na religiosidade do helenismo tardio foi o culto imperial. Uma das raízes mais profundas deste culto acha-se na veneração helenística do soberano, que por sua vez, baseia-se no antigo culto grego ao herói. Com Alexander Magno, o culto grego ao herói adquire novas dimensões. Sua divinização foi aceita imediatamente na Ásia Menor, e na própria Grécia.

O império de Alexandre desfez-se após sua morte, porém o culto ao soberano sobreviver-lhe-á. Os Diádocos atribuíam-se com freqüência os três epítetos de sotêr (salvador), euergetês (benfeitor) e epifanês (manifesto) que haviam sido outorgados a Alexandre, e utilizaram a divinização pessoal como meio de legitimar suas monarquias. Tanto os Selêucidas como os Ptolomeus serão considerados deuses e venerados como tais por seus súditos. Roma soube aproveitar-se desse culto ao soberano, que se transformou num símbolo da unidade do estado e em fator aglutinante do império.

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SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.

O CONTEXTO PAGÃO E A PIEDADE POPULAR


O CONTEXTO RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO

II.- O CONTEXTO PAGÃO

Se as raízes do cristianismo afundam profundamente em terra judaica, seu desenvolvimento realiza-se logo no contexto pagão. O mundo pagão era profundamente religioso; porém, essa religiosidade apresentava-se sob as formas mais diversas. A religião greco-romana era sincretista e popular. O povo continuava apegado às divindades locais e expressava assim sua lealdade cívica. Porém, ao mesmo tempo, o horizonte religioso havia-se alargado para oferecer entrada a elementos das mais diversas procedências, enquanto as praticas religiosas tradicionais se haviam enriquecido com elementos exóticos.

Supostamente, os antigos templos continuavam em pé e os antigos ritos eram praticados por multidões; porém os nomes dos deuses haviam-se multiplicado e misturado em toda sorte de combinações. Novas formas de culto haviam-se propagado por todo o império. Além disso, as associações religiosas tinham surgido por toda parte, e o culto ao imperador havia-se estendido por todo o mundo civilizado.

2.- Piedade popular

A religião do helenismo tardio caracteriza-se pela fascinação ante forças obscuras que regem o destino do universo perante as forças da natureza e as do mundo subterrâneo que se impõem implacavelmente ao homem, ante as forças de destruição e de morte. Como consciência disso têm grande influência na piedade popular as crenças e as práticas que permitem controlar a influência destas forças ocultas na vida do homem.

a.- Deuses salvadores e taumaturgos

A fé em toda sorte de curas milagrosas é uma das constantes em que se expressam as crenças populares. O lugar mais famoso pelas suas curas era o templo de Epidauro, dedicado a Esculápio. O meio pelo qual se operavam estas curas era a incubatio: os doentes dormiam no interior do templo do deus que lhes comunicava, durante o sono, as indicações necessárias para a cura. Como meios auxiliares mencionam-se a água milagrosa e as serpentes sagradas.

Outros deuses curandeiros são Ísis e Serápis. Têm também grande importância as estatuas e as imagens às quais se atribuem forças milagrosas. Porém, é mais importante a pessoa com capacidades taumatúrgicas, o theios anêr.

b.- Magia

Seu florescimento nos séculos I e II d.C. provém da introdução, no mundo helenístico, da magia assírio-babilônica e de sua modificação com influências judaicas e, sobretudo, egípcias.

A magia fundamenta-se na visão do mundo dominado por forças demoníacas e na crença de que o mago, mediante ações e fórmulas adequadas, pode controlar estas forças, anular os efeitos negativos das forças “antipáticas” e potenciar os efeitos favoráveis das forças “simpáticas”. Para obter estes efeitos, o mago deve conhecer as propriedades dos diversos animais, das mais diversas plantas, dos metais e das pedras. Ao lado dos meios tradicionais (filtros, beberagens, pós, fumaça, etc) o mago emprega toda uma série de amuletos, placas escritas, talismãs, anéis etc., cuja eficácia prolonga a ação mágica sobre aqueles que os carregam.

c.- Astrologia

Apresenta duas formas, uma cientifica e outra popular. A primeira desenvolve-se mediante a assimilação da matemática e da astronomia gregas. A segunda será mais influente na esfera religiosa, Tem origens babilônicos e se implanta profundamente no Egito helenístico.

c.- Adivinhação

Quando os romanos falam de divinatio ou os gregos de mantikê referem-se a toda uma série de práticas adivinhatórias nas quais se acham misturados os elementos provenientes da observação natural e outros que provêm da revelação divina recebidos em estado de êxtase ou a través de oráculos. A adivinhação esteve ligada a determinados lugares e a determinados momentos privilegiados. O adivinho não se limitava a interpretar os sonhos, os sinais ou os omina, mas, apropriando-se das funções do mago, pretendia influir em seu curso mediante as ações ou os meios adequados.

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SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.

O CONTEXTO PAGÃO E AS RAÍZES DA RELIGIOSIDADE HELENÍSTICA TARDIA


O CONTEXTO RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO

II.- O CONTEXTO PAGÃO

Se as raízes do cristianismo afundam profundamente em terra judaica, seu desenvolvimento realiza-se logo no contexto pagão. O mundo pagão era profundamente religioso; porém, essa religiosidade apresentava-se sob as formas mais diversas. A religião greco-romana era sincretista e popular. O povo continuava apegado às divindades locais e expressava assim sua lealdade cívica. Porém, ao mesmo tempo, o horizonte religioso havia-se alargado para oferecer entrada a elementos das mais diversas procedências, enquanto as praticas religiosas tradicionais se haviam enriquecido com elementos exóticos.

Supostamente, os antigos templos continuavam em pé e os antigos ritos eram praticados por multidões; porém os nomes dos deuses haviam-se multiplicado e misturado em toda sorte de combinações. Novas formas de culto haviam-se propagado por todo o império. Além disso, as associações religiosas tinham surgido por toda parte, e o culto ao imperador havia-se estendido por todo o mundo civilizado.

1.- raízes da religiosidade helenística tardia

O homem helenista, individualista e cosmopolita procura o bem individual acima do bem comum. Esculápio com suas curar milagrosas, corresponde mais a necessidade mais que a função de deus protetor de uma cidade e será percebido como deus protetor do individuo. Tykhe, a “deusa fortuna” é a deusa por excelência da religião helenística; deusa imprevisível que, segundo seu próprio capricho, constrói ou destrói os reinos. Igualmente da antiga religião grega provém os oráculos.

As religiões mistéricas do helenismo tardio são incompreensíveis sem uma referência aos antigos mistérios de Deméter, e de Dionísios, ou aos mistérios órficos. O culto imperial tem uma parte de suas raízes mais profundas no culto ao herói da religião grega clássica e no procedente culto aos mortos. A antiga crença romana nos genii, misturada com a crença helenística no daimôn pessoal (elemento divino presente no homem), terá influência decisiva no desenvolvimento do culto imperial, que marcará toda a época. Porém, os aspectos mais instáveis da religião do helenismo tardio provêm das contribuições das religiões orientais.

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