ROMA, 21 SET - O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, ressaltou que o problema da pedofilia no clero católico foi "confrontado com uma novidade" durante a visita do papa Bento XVI ao Reino Unido, entre quinta-feira passada e domingo.
Além de vítimas, o Pontífice encontrou pela primeira vez "quem trabalha na Igreja pela salvaguarda dos jovens, que é um modo de olhar adiante, além do que aconteceu nestes anos terríveis", comentou o representante da Santa Sé em uma entrevista publicada hoje na imprensa italiana.
Nos quatro dias da viagem, o Santo Padre falou em discursos de sua "profunda dor", "vergonha e humilhação" frente aos abusos cometidos por padres, além de "grande tristeza" e "choque" com as revelações, e defendeu um "ambiente seguro" aos alunos das escolas católicas.
No sábado, o Papa se reuniu de forma privada com cinco vítimas de pedofilia, rezou com elas e ouviu seus relatos, em um evento "comovente e importante", segundo palavras anteriores de Lombardi. No mesmo dia, ele conversou com profissionais e voluntários que trabalham para defender as crianças no ambiente eclesial, afirmando que tais iniciativas fazem parte da resposta da Igreja ao problema.
Ainda na entrevista, o porta-voz do Vaticano assinalou que uma das chaves do que ele considerou o sucesso da visita ao Reino Unido foi o grande número de pessoas que a acompanharam. "O Papa foi visto ao vivo na TV, continuamente por quatro dias, por um povo inteiro, além das pessoas que compareceram [aos eventos]", declarou o representante.
Bento XVI reuniu em suas três grandes celebrações públicas, no Bellahouston Park de Glasgow, no Hyde Park de Londres, e no Cofton Park de Birmingham, 70 mil, 80 mil e 60 mil fieis, respectivamente. Além disso, 200 mil pessoas teriam saído às ruas para acompanhar o trajeto percorrido pelo papa-móvel em direção ao parque da capital britânica.
A emissora BBC, que fez uma intensa cobertura da visita, se defendeu hoje das opiniões de espectadores britânicos que se queixaram de uma "excessiva" atenção, de uma posição "muito favorável" ou de uma "muito crítica". O canal afirmou que a visita de Estado "teve um enorme significado histórico para milhões de católicos e outros na Grã-Bretanha", mas admitiu que "dividiu a opinião pública". Esta foi a primeira estadia oficial de um pontífice no Reino Unido desde que Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e criou a Igreja Anglicana no século XVI. Em 1982 João Paulo II havia ido ao país, mas para uma visita pastoral.
De acordo com Lombardi, Bento XVI "não quer ser uma estrela", porque isso não corresponde a sua personalidade, ministério e desejo. "Está, porém, certamente contente de ter sido conhecido e visto pelo que é", completou ele. "Não é somente um grande professor, um homem de cultura como todos sabem, mas também é um homem humilde, gentil, sensível, que deseja se aproximar dos outros com uma profunda humanidade", assinalou o porta-voz do Vaticano.
O religioso comparou a importância das imagens transmitidas ao vivo pela TV ao que ocorreu com a visita do Papa à Turquia, em 2006, onde "as tomadas, em particular na Mesquita Azul [a maior de Istambul], ajudaram a fazer compreender sua atitude amigável e respeitosa para o mundo muçulmano". Aquela foi a segunda vez que um pontífice entrou em um templo islâmico.
Em seu pronunciamento, Lombardi não aludiu às manifestações feitas contra Bento XVI durante a estadia no Reino Unido. No sábado, uma marcha organizada por entidades seculares e de defesa dos direitos dos homossexuais teria reunido três mil pessoas para condenar os casos de pedofilia e as posturas da Igreja contra os gays, entre outros temas.
21/09/2010 13:41
FONTE: http://www.ansa.it/ansalatinabr/notizie/fdg/201009211341385977/201009211341385977.html
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