A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
Tendo amado os seus,
o Senhor amou-os até ao fim. Sabendo que era chegada a hora de partir deste
mundo para regressar ao Pai, no decorrer duma refeição, lavou-lhes os pés e deu-lhes
o mandamento do amor. Para lhes deixar uma garantia deste amor, para jamais se
afastar dos seus e para os tornar participantes da sua Páscoa, instituiu a
Eucaristia como memorial da sua morte e da sua ressurreição, e ordenou aos seus
Apóstolos que a celebrassem até ao seu regresso, «constituindo-os, então,
sacerdotes do Novo Testamento».
Os três evangelhos
sinópticos e São Paulo transmitiram-nos a narração da instituição da
Eucaristia. Por seu lado, São João refere as palavras de Jesus na sinagoga de
Cafarnaum, palavras que preparam a instituição da Eucaristia: Cristo
designa-se a si próprio como o pão da vida, descido do céu.
Jesus escolheu a
altura da Páscoa para cumprir o que tinha anunciado em Cafarnaum: dar aos seus
discípulos o seu corpo e o seu sangue:
«Veio
o dia dos Ázimos, em que devia imolar-se a Páscoa. [Jesus] enviou então a Pedro
e a João, dizendo: "Ide preparar-nos a Páscoa, para que a possamos
comer" [...]. Partiram pois, [...] e prepararam a Páscoa. Ao chegar a
hora, Jesus tomou lugar à mesa, e os Apóstolos com Ele. Disse-lhes então:
"Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer.
Pois vos digo que não voltarei a comê-la, até que ela se realize plenamente no
Reino de Deus". [...] Depois, tomou o pão e, dando graças, partiu-o,
deu-lho e disse-lhes: "Isto é o Meu corpo, que vai ser entregue por vós.
Fazei isto em memória de Mim". No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice e
disse: "Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado
por vós"» (Lc 22, 7-20).
Celebrando a última
ceia com os seus Apóstolos, no decorrer do banquete pascal, Jesus deu o seu
sentido definitivo à Páscoa judaica. Com efeito, a passagem de Jesus para o seu
Pai, pela sua morte e ressurreição – a Páscoa nova – é antecipada na ceia e
celebrada na Eucaristia, que dá cumprimento a Páscoa judaica e antecipa a
Páscoa final da Igreja na glória do Reino.
«FAZEI
ISTO EM MEMÓRIA DE MIM»
Ao ordenar que
repetissem os seus gestos e palavras, «até que Ele venha» (1 Cor 11, 26), Jesus não pede somente que se
lembrem d'Ele e do que Ele fez. Tem em vista a celebração litúrgica, pelos
apóstolos e seus sucessores, do memorial de Cristo, da sua vida, morte,
ressurreição e da sua intercessão junto do Pai.
Desde o princípio, a
Igreja foi fiel à ordem do Senhor. Da Igreja de Jerusalém está escrito: «Eram
assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às
orações. [...] Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só
alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e
simplicidade de coração» (Act 2, 42.46).
Era sobretudo «no
primeiro dia da semana», isto é, no dia de domingo, dia da ressurreição de
Jesus, que os cristãos se reuniam «para partir o pão» (Act 20, 7). Desde esses tempos até aos
nossos dias, a celebração da Eucaristia perpetuou-se, de maneira que hoje a
encontramos em toda a parte na Igreja com a mesma estrutura fundamental. Ela
continua a ser o centro da vida da Igreja.
Assim, de celebração
em celebração, anunciando o mistério pascal de Jesus «até que Ele venha» (1Cor 11, 26), o Povo de Deus em
peregrinação «avança pela porta estreita da cruz» (174) para o banquete
celeste, em que todos os eleitos se sentarão à mesa do Reino.
Fonte: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
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