CAIM E ABEL
(Gênesis 4, 2-4)
“Depois ela deu também à luz Abel,
irmão de Caim. Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim cultivava o solo.
Passado o tempo, Caim apresentou produtos do solo em oferenda a Iahweh; Abel,
por sua vez, também as ofereceu primícias e a gordura de seu rebanho. Ora
Iahweh agradou-se de Abel e de sua oferenda” (Gn 4, 2-4).
Dando
prosseguimento a este trecho de Gênesis citado acima que os filhos de Adão e
Eva não ficam imunes ao pecado original cometido por seus pais. O pecado de Adão e Eva se assemelha, de
fato, a uma árvore má, que produz frutos maus, ou seja, tudo o que diz a morte
à relação. Contudo, o relacionamento entre os irmãos Caim e Abel é o oposto
daquilo que Deus espera do relacionamento entre os homens: a fraternidade, em
que cada um é protetor do seu próximo. A auto-suficiência introduz a rivalidade
e a competição nesse relacionamento: a fraternidade é destruída e, em vez de
proteger, o homem fere e mata o seu próximo. A primeira vez que a palavra pecado aparece na Bíblia é num contexto
social.
Abel enquanto pastor de ovelhas representa
os nômades do início da civilização. Cuidar de rebanhos foi uma das
primeiras atividades do homem. Nesta primeira fase da civilização não havia
casas nem cidades, pois não havia agricultura, muito menos indústria, comércio
e serviços. Não havia propriedades de terras, muito menos cercas. Os pastores
moravam em barracas e eram nômades, viviam mudando de um lugar para outro, à
procura de melhor pastagem para seu gado. Abel representa o povo nômade e
pastor.
Caim
representa os que deixaram de ser nômades para viver na cidade. Então: “saiu Caim da presença do Senhor e habitou
na terra de Nod, a Oriente de Éden” (Gn 4, 16). Com o surgimento da
agricultura a mesma faz a sociedade se sedentarizar, morar no mesmo lugar e
construir casas. O que se vê, porém, é a violência, a brutalidade da cidade, é
Lamec, descendente de Caim falando em assassínio e vingança, é a destruição da
antiga igualdade, cada qual na sua tenda cuidando de seu rebanho ou debaixo de
sua videira e de sua figueira. No entanto, Javé não se agrada disso. Ele quer a
sinceridade, a honestidade, a solidariedade, a fidelidade do tempo quando o
povo vivia acampado no deserto. Ele se
agrada do sacrifício do pastor e nômade Abel, e não gostou de Caim e da oferta
dele. (Gn 4, 4-5).
Por
fim, neste capítulo, (Gn 4, 1-16) é certo afirmar que o relato, assim como as
genealogias (Gn 4, 17-26), pertencem às tradições Javistas. O relato supõe uma
civilização um pouco evoluída: no domínio religioso, um culto com as ofertas de produtos (talvez as primícias) do solo e dos
primogênitos do rebanho (Gn 4, 3-4). Supõe-se também a existências de
homens que poderiam matar Caim e outros que poderiam vingá-lo (Gn 4, 14-15).
Este relato pôde se relacionar de início não aos filhos do primeiro homem, mas
ao antepassado epônimo dos quenitas (cainitas: cf. Nm 24, 21). Reportado às
origens da humanidade, ele recebe um aspecto geral: de um lado, Caim e Abel
estão na origem de dois modos de vida, o agricultor sedentário e o pastor
nômade; de outro lado, esses dois irmãos personificam a luta do Homem contra o
Homem. Ao lado da revolta do homem contra Deus, há também a violência do “irmão” contra seu “irmão”. O duplo mandamento
do amor (Mt 22, 40), mostrará as exigências fundamentais com a vontade de Deus.
BIBLIOGRAFIA:
Bíblia de Jerusalém – São Paulo – Editora: Paulus,
2002.
Bíblia do Peregrino – São Paulo: Editora Paulus – 2ª
ediação – 2002.
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, São Paulo –
Editora: Paulus, 1990.
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