A
ESPIRITUALIDADE, contém elementos estruturais que nos dão um arcabouço
tradicional, comum a todo cristão: a vida de Jesus Cristo; o Reino de Deus; o Espírito Santo; o Evangelho (a
Palavra de Deus); a Igreja (vida
comunitária – a história) e a oração
(liturgia).
Qual a
importância da Espiritualidade na Liturgia?
Liturgia sem
espiritualidade não é liturgia, mas prática mecanizada ou mera dramatização.
Devemos entender que Espiritualidade não é alienação ou fechamento em nós
mesmos, mas abertura para o outro, comunicação. Dai entendermos primeiro que
precisamos "espiritualizar" nossas práticas litúrgicas, desde a
preparação da celebração, o seu decorrer até sua mensagem final. Como
começar? Sabendo que Espiritualidade é Comunicação com o outro: afeto,
carinho, aceitação, sensibilidade, acolhimento e multa "compaixão"
(Mt 9,36-38).
Fazer da Liturgia um
momento de vida nova e ressurreição na comunidade. A comunicação deve ser
necessária e equilibrada, levando a assembléia a realizar uma salutar
comunicação com Deus e entre si, animando sua fé, refletindo a Palavra e
assumindo o compromisso transformador do qual nasce a ação Litúrgica. Para
aperfeiçoar a comunicação na liturgia, devem saber atuar as equipes
celebrativas ou equipes de liturgia, responsáveis pelo bom andamento da ação
Litúrgica comunitária. Para isso os agentes de pastorais precisam conhecer-se
melhor. Ninguém é superior, o que existe são coordenadores(as).
Todos são pessoas
humanas, cada um tem um jeito e uma interioridade herdada. O respeito ao outro
é importantíssimo. Cada um assume uma função e partilha com a comunidade. Primeiro
precisamos nos acertar para melhor servir a Comunidade. No entanto, temos que
rezar a nossa vida. Rezar a nossa vida significa pedir a Deus o discernimento
para nos conhecer melhor. Isto é Espiritualidade! Quando nos conhecemos melhor,
conseguimos nos desarmar, conseguimos nos desapegar de coisas mesquinhas, como
"a chave da igreja", o "armário da sacristia", "a
batina do padre" etc. Deus é muito mais que tudo isso, e quer de nos a
sensibilidade humana.
Deus
não tem preconceito e no seu coração, que é a Comunidade, somos todos iguais.
Em segundo lugar, a Liturgia é o espaço em que toda a Comunidade eclesial
participa. O agente litúrgico é aquele que tem percepção e procura
espiritualizar suas ações durante a Liturgia sem querer dramatizar ou fazer da
Liturgia o seu espaço pessoal. Todos são convidados a estarem interagindo
durante a celebração Litúrgica. Por isso a integração das diversas pastorais e
movimentos é fundamental.
Em
terceiro lugar, a Liturgia jamais poderá ser desmembrada de sua essência que é
a VIDA. Vida significa tudo aquilo que envolve a pessoa humana e a coloca em
comunicação com a realidade que se vive. Isto é encarnar a Espiritualidade na
vida verdadeira. Isto é rezar e celebrar! Quem celebra realiza uma celebração a
partir da preparação, animação e integração dos serviços: acolhimento fraterno,
presidência, animação do canto, proclamação das leituras e outros. Para o bom
desempenho, requer-se para a Pastoral responsável pela celebração formação
Litúrgica e espiritual. "Convém que dela participem crianças, jovens,
homens e mulheres adultos.
Desafios da oração. Como rezar?
Vamos acentuar mais a questão da oração pessoal, pois nós,
cristãos do Ocidente, agentes litúrgicos, temos dificuldade de mergulhar mais
profundamente, por falta de condições, de aprofundar nossa espiritualidade
nessa linha da oração pessoal. A oração é como a alimentação, ou seja, a gente
pode viver um ou dois dias sem comer, e até sem beber água. Mas chega uma hora
em que o corpo não se sustenta, começa a sentir-se mais fraco. Isso contece com
a Espiritualidade quando a gente não
reza. A diferença é que o corpo continua funcionando, mas a vida espiritual
entra em retrocesso, deixa de aprofundar-se quando não paramos para rezar.
Por que não nos
detemos para rezar?
Sejam dez, quinze
minutos ou meia hora, como Jesus fazia, porque vivemos numa cultura dominada pela ideologia liberal
burguesa ou neoliberal, segundo a qual tempo e eficácia estão intimamente
associados."Tempo é dinheiro." Não rezamos para sentir coisas, mas
para dilatar a fé e a capacidade de amar. A liturgia é liturgia quando a
transformamos de dentro para fora a partir de nossa espiritualidade e
sensibilidade para as pequenas coisas.
Na comunidade paroquial
também devemos ser assim, respeitar o que os
outros fazem, acolhê-los afetuosamente. São João da Cruz tem uma frase
genial: "Diante dos trabalhos, devemos ser como a cortiça na água.”
A água jamais consegue submergir a cortiça, ela
está sempre flutuando. Em outras
palavras: nunca devemos levar a sério os
trabalhos e problemas que temos. Nunca deixar que eles nos sacrifiquem
o tempo de oração. Quanto ao
trabalho, a vida dá um jeito. O que ganhamos,
em 15 minutos de oração, é muito superior em termos de qualidade humana,
inclusive de domínio da ansiedade nas atividades.
Não espere que a oração
o leve ao primeiro grau de santidade. Não rezamos para deixar de pecar ou para nos sentir
melhores do que os outros. Rezamos para
nos sentir tão amados por Deus que fica difícil ser infiéis ao projeto dele. Neste
ínterim, não é necessário chegar ao êxtase, entrar em transe, deslocar-se da
realidade, buscar Deus apenas em "momentos", fazer gritarias ou
silenciar profundamente para senti-lo. Deus é simples e se manifesta a cada
instante. Nos é que não o percebemos, porque deixamos extrapolar de nosso intimo a
auto-suficiência, os esquemas decorativos (ritos). Ou, em vez de saborear as
orações, nós as engolimos.
Vamos rezar a nossa vida
cotidiana e a nossa oração poderá ser um sorriso de agradecimento, um olhar de
amor, uma interrogação ou um gesto de consagração. Será sempre um acontecimento
intimo e profundo a envolver todas as faculdades da alma, a sua liberdade, a
expressão concreta de seu ser. Além do mais envolvendo uma outra presença: a de
Deus. Por isso todo ato de oração vem a ser uma correspondência vital e
profunda entre cada um de nós e Deus. Se não trabalharmos a oração no mais
intimo de nós, correremos o risco de sermos pessoas insensíveis, mesquinhas e
complicadas em nossa atuação com a comunidade.
É preciso resgatar uma
espiritualidade viva e eficaz com capacidade de irradiar para o mundo a
esperança do Reino de Deus acontecendo na
história do povo. Penso que acharemos difícil e utópico tudo o que conversamos
até agora. Mas não é tão difícil rezar e vivenciar nossa espiritualidade.
Precisamos ser bons, valorizando os pequenos atos de cada dia e ligando a
Palavra de Deus a nossas atividades pastorais. Sejamos felizes com a nossa
Espiritualidade enraizada em nós e na Comunidade da qual somos responsáveis de
torná-la melhor a cada dia.
Texto escrito pelo Ir.
Geraldo Tadeu Furtado, RCJ
FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.
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