O maná do céu: Ex 16, Sal
78, 17-29 e Sab 16, 20-26.
Explicar o que é este maná e fazer paralelos com o Novo
Testamento
Em Êxodo 16, 1-35 vemos logo no
início a murmuração de toda a comunidade
de Israel (cf. relacionar com 15, 24) que ao mesmo tempo torna-se contra o
próprio Javé, pois o povo prefere o lugar da escravidão e da morte ao projeto
de Javé, que é a libertação voltada para a vida. Ainda em relação a este longo
capítulo do livro de Êxodo vale salientar que provavelmente seja de tradição
javista, mas com traços de estilo deuteronômico (v. 26) onde as notícias de
partida (vv. 22. 27), provêm da tradição sacerdotal. Nos relatos do Êxodo e de
Números, contrariamente à apresentação de alguns profetas (13, 17+) a marcha
pelo deserto está pontilhada de murmurações de Israel: contra a sede (aqui e 17, 3; Nm 20, 2s), contra a fome (Ex 16, 2; Nm 11, 4s), contra os perigos de guerra (Nm 14, 2s). Israel já é o povo
arredio, que rejeita até os benefícios do seu Deus (comp. Com Sl 78; 106),
imagem da pessoa que reside às solicitações da graça.
Diante das dificuldades, a grande
tentação é trair o projeto de libertação.
Note-se que a colheita do maná deve obedecer a uma distribuição igualitária:
todos têm o mesmo direito aos bens, de tal modo que não faltem e não sobrem
para ninguém. Em vista disso, é proibido acumular qualquer excedente, que
produziria o senso de posse e desigualdade. O sábado marca a passagem de uma
vida escrava para uma vida livre: todos têm o direito ao descanso, e ao dia de
Javé é o dia em que o homem se refaz dentro do projeto da liberdade e da vida. Na véspera do sábado, todos podem recolher
quantidade dupla de maná, pois o povo tem direito de comer também no dia do
descanso.
Mediante isto, vale a pena lembrar
que alguns elementos de um relato sobre o maná, talvez deslocados de Nm 11,
poderiam provir da tradição javista, mas a parte mais considerável, um relato
sobre o maná e as codornizes, pertence à tradição sacerdotal (cf. a estrita regulamentação da colheita
do maná, submetida às exigências do sábado); os redatores tardios puderam
acrescentar muito de sua produção. O maná e as codornizes, reunidos no mesmo
relato, propõem um problema. O maná é devido à secreção de insetos que vivem
sobre certas tamargueiras, mas somente na região central do Sinai; ele é
colhido em maio-junho.
As codornizes, esgotadas pela
travessia do Mediterrâneo ao voltar de sua migração na Europa, por setembro,
são abatidas em grande quantidade sobre a costa, ao norte da península,
impelidas pelo vento do oeste (cf. Nm. 11, 31). Este relato pode combinar as
lembranças de dois grupos que deixaram o Egito separadamente (cf 7, 8+; 11,
1+), e cujos itinerários foram diferentes (cf. 13, 17+). Essas curiosidades
naturais servem para ilustrar a providência especial de Deus para com o povo. Esse
maná é o “Dom de Deus”. Ex 16, 2-5,
podemos dizer que o Maná é um dom fiel, fiel por quarenta anos. Sab 16, 20-26 é
o alimento dos Anjos. Em Jo 6, 26 assim como também em Jo 10, 26 esse Maná é a
própria palavra, que faz caminha rumo à pátria celeste. No Antigo Testamento se
parte não da palavra do verbo que se fez carne, mais de uma comida
espiritualizada. Celebrando nos Salmos (sobretudo 78, 20. 23-27) e na
Sabedoria, o alimento do maná se tornará
para a tradição cristã (cf. Jo 6, 26-58) a figura da Eucaristia, alimento
espiritual da Igreja durante seu êxodo terrestre.
O Sacrifício da era
messiânica (Mal 1,10-11)
(Como interpretar e fazer paralelos bíblicos e litúrgicos).
Neste contexto histórico é de suma
importância lembrar que se trata do Século
V, onde o povo estar voltando do exílio e construindo o templo. Numa época
em que os judeus já não podem ter outros meios que os identifiquem como povo de
Deus, o culto torna-se a carteira de identidade. O livro do Profeta Malaquias é
a ponte do Antigo Testamento para o Novo Testamento. Em Mal 1, 10-11 fala
de um sacrifício ritual, vejamos:
“Quem entre vós, pois, fechará as portas para que não
acendam o meu altar em vão? Não tenho prazer algum em vós, disse Iahweh dos
Exércitos, e não me agrada a oferenda de vossas mãos. Sim, do levantar ao
pôr-do-sol, meu Nome será grande entre as nações, e em todo lugar será
oferecido ao meu Nome um sacrifício de incenso e uma oferenda pura. Porque o
meu Nome é grande entre os povos! Disse Iahweh dos Exércitos.”
Malaquias, no entanto, pensa aqui
não no culto do “Deus do céu” (Ne 1,
4s; 2, 4.20; Esd 1, 2; 5, 11s; 6, 9s; 7, 12.21.23; Dn 2, 18; 4, 34; 5, 23),
espalhado pelo império persa (cf. Esd 1,2+), culto que ele consideraria
dirigido a Iahweh, mas no sacrifício perfeito da era messiânica. O concílio de
Trento adotou esta interpretação. Ora, vimos que na nossa primeira pesquisa se
fala desse mesmo sacrifício em Levítico.
E que sacrifício seria esse, se não fosse o sacrifício de oferecer Hóstia viva
a Deus. Mas qual seria o Sacrifício a ser aceito? O sacrifício deve ser feito
em todos os lugares não só no templo de Jerusalém. O sacrifício é uma oferenda
pura, incruento. Por fim, no Novo Testamento vemos que Jesus é o sacrifício, ele se sacrifica uma vez por todas. É um
sacrifício incruento. Já o sacrifício da cruz é um sacrifício cruento.
BIBLIOGRAFIA:
Bíblia de Jerusalém – São Paulo – Editora: Paulus,
2002.
Bíblia do Peregrino – São Paulo: Editora Paulus – 2ª
ediação – 2002.
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, São Paulo –
Editora: Paulus, 1990.
FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.
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