O
sacrifício pascal ou banquete pascal
Ex 12: Memorial ('azkarah, zikkarón) da saída do Egito:
"Memorial", no Livro do Êxodo é um termo sacrificial. É a parte que o
ofertante traz, em memória dos dons recebidos, perante Javé. "Como o
memorial de oblações em Lev 2,9-16; 24,7”. Zikkaron é um memorial
no sentido de uma lembrança como em Ex 3,15: o memorial (nome) de Javé
Deus. Nm
10,10: utiliza, através de ordens
comunicadas e eventos anunciados, o paralelismo de “holocaustos e sacrifícios
de comunhão”. O memorial (zikkarón) não é
simples recordação de um fato, mas para os judeus é memorial da intervenção
salvífica de Deus a favor de seu povo, uma intervenção que funda a história do
povo de Deus.
Ex 12,42-49: A Páscoa será uma festa de israelitas, que os une e os
distingue, e terá um caráter familiar. Assim, os que participarão são
propriedade do Senhor: a circuncisão garantirá esta pertença (vv. 44; 48). Por
isso, que os não pertencentes ao povo de Israel, mas que foram adquiridos como
os escravos, ou ainda os estrangeiros domiciliados, devem ser circuncidados.
Ex 13,3-10: A
festa dos Pães sem fermento – também
um memorial da saída (libertação) do Egito, era primitivamente celebrada por
agricultores na ocasião da colheita: a finalidade era não misturar o produto da
colheita anterior com o produto da nova. Essa mistura podia acontecer se fosse
usado o fermento, que era conservado com parte da massa feita da colheita
anterior. E quer significar para o povo que a sociedade que nasceu da liberdade
do Deus Javé não deve conter elemento nenhum da sociedade estruturada sobre a
opressão (v. 3).
Is 11,11-16: Isaías
proclama a confiança e a esperança total em Deus e fala da restauração do povo.
Páscoa aqui tem o caráter de “restauração, confirmação”, do que Javé Deus
fizera e prometer na libertação do Egito, continua a fazer nos dias atuais do
seu povo. Este texto trata-se de um acréscimo feito no tempo do exílio na
Babilônia. Deus, através de um novo êxodo, reúne os exilados de todas as
deportações e refaz a identidade do seu povo. As divisões internas serão todas
sanadas, e o povo terá a vitória contra todos os inimigos. Este texto retoma
palavras do Êxodo, tais como: “Estender a mão para resgatar o seu povo, como
fizera na Passagem do Mar Vermelho”; “Reunir os exilados (oprimidos)”; “Com sua
mão forte fará o rio Eufrates amansar e o povo atravessá-lo até de sandálias”;
“Haverá uma estrada (de libertação) para seu povo de agora, como dantes para
esse mesmo povo oprimido no Egito”.
O paralelo
essencial entre esse acontecimento
de sacrifício ou banquete pascal,
que celebra os feitos da libertação que Deus operou na vida de seu povo, e a
Páscoa da última ceia de Jesus, é o caráter de renovação da Aliança outrora
feita por Deus com Israel, e quebrada várias vezes por este. Agora, em Jesus
Cristo, com sua entrega a morte e gloriosa Ressurreição, dá-se um novo
significado a todo o Rito da Antiga Aliança, sendo Cristo “altar e cordeiro”, o
qual resgata um novo povo para Deus, a fim de que perpetue pelos tempos a
proposta sempre atual da Nova Aliança (Mt 26,17-29; Mc 14,12-25; Lc 22,7-23; Jo
13,1-17).
Eucaristia / Memorial
“O paralelismo com a ceia pascal judaica permite entender o que
significa memorial: não é a mera lembrança psicológica de um evento passado,
mas um sermos re-apresentados, transportados com os pés da fé ao evento
fundador que não se repete, mas do qual nos tornamos participantes, de certa
maneira “contemporâneos”. O realismo do memorial permite que entendamos a unicidade
do sacrifício de Cristo e o tipo de presença do Senhor Jesus no sacramento do
altar”.
A Eucaristia não é a repetição da última ceia no Cenáculo. Esta,
como fato histórico, é única e irrepetível. Tampouco é a repetição do
sacrifício da cruz... Mas, pelo gesto simbólico instituído no Cenáculo (a ação
de graças sobre o pão e o vinho como memorial de Cristo) a comunidade aqui
reunida volta a ser apresentada ao evento irrepetível do Calvário e do túmulo
vazio. “É para essa finalidade dinâmica de transportar-nos ao evento fundador
que Cristo se faz presente verdadeira, real, substancialmente no pão e no
vinho”.
In.
F. Taborda, Da Celebração à Teologia, V, semana Teológica – Pastoral,
Petrópolis 2003.
BIBLIOGRAFIA:
Bíblia de Jerusalém – São Paulo – Editora: Paulus,
2002.
Bíblia do Peregrino – São Paulo: Editora Paulus – 2ª
ediação – 2002.
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, São Paulo –
Editora: Paulus, 1990.
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