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A RELAÇÃO ENTRE A TRINDADE ECONÔMICA E A IMANENTE


TRINDADE - PARTE 1

Os Padres da Igreja distinguem entre a “Theologia” e a “Oikonomia”, designando com o primeiro termo o mistério da vida íntima do Deus-Trindade e com o segundo todas as obras de Deus por meio das quais ele se revela e comunica sua vida (historia salutis). É mediante a “Oikonomia” que nos é revelada a “Theologia”; mas, inversamente, é a “Theologia” que ilumina toda a “Oikonomia”. As obras de Deus revelam quem Ele é em si mesmo e, inversamente, o mistério de seu Ser íntimo ilumina a compreensão de todas as suas obras. Acontece o mesmo, analogicamente, entre as pessoas humanas. A pessoa mostra-se em seu agir e, quanto melhor conhecermos uma pessoa, tanto melhor compreenderemos seu agir. CIC n. 236.

A “economia” é o único caminho
para o conhecimento da “teologia”.
KARL HANNER

A relação entre a economia e a teologia foi muito discutida na teologia nos últimos tempos. Ocasião para isso foi a formulação de K. Rahner do chamado “axioma fundamental” da teologia trinitária: “a Trindade econômica é a Trindade imanente, e vice-versa”. Ou, em outras palavras: Deus uno e trino revela-se na “economia”, tal como é sua vida imanente, através da revelação de Cristo temos um verdadeiro acesso à “teologia”. A revelação do mistério de Deus em toda a sua profundidade acontece unicamente em Jesus. Só pela fé nele temos acesso a esse mistério. Se crermos nele realmente como o Filho de Deus podemos ver nele o Pai (cf. Jo 14,9). A revelação de Deus, enquanto revelação salvífica em si mesma acontece na realização mesma de nossa salvação por obra de Jesus Cristo.

Doutrina das “apropriações”:

Existe um caso em que sabemos que há uma atuação para fora em que as pessoas atuam diferenciadamente: a encarnação. Somente o Filho assumiu hipostaticamente a natureza humana. Não se trata de afirmar que as outras pessoas não tiveram parte nesse evento: sabemos muito bem que não é assim. Foi o Pai que enviou o Filho ao mundo, e também isso é uma atuação própria da pessoa do Pai (cf. Jo 3,17.34; Rm 8,3; Gl 4,4). Por sua parte, o Espírito Santo que desce sobre Maria faz possível a encarnação (cf. Lc 1,35; Mt 1,20; DS 150). Na encarnação, em toda a vida de Jesus sobre a terra, e em sua ressurreição e exaltação à direita do Pai e no dom do Espírito que segue a essas, temos uma atuação diferenciada das pessoas divinas na história salvífica. Durante séculos foi doutrina comum que qualquer das pessoas divinas poderia ter-se encarnado, embora sempre se tenha insistido na “conveniência” daencarnação do Filho. Assim pensaram, por exemplo, Boaventura e Tomás de Aquino.

Uma das principais razões para afirmar a possibilidade da encarnação de qualquer das pessoas era, para s. Tomás, o fato de que a ratio personalitatis é comum nas três pessoas, ainda que sejam evidentemente distintas as propriedades pessoais de cada uma delas. A salvação concreta que o Filho de Deus nos trouxe com sua encarnação consiste em nós, no Espírito Santo, nos convertemos em filhos de Deus. De novo aqui uma opinião de escola, muito difundida em tempos passados, a unidade de atuação ad extra das pessoas dá lugar à idéia de que somos filhos da Trindade.

“A Trindade econômica é a Trindade imanente”, diz-nos que é Deus que se nos dá em si mesmo, não nos dá simplesmente dons, por grandes que possamos pensá-los. Se não se nos desse como é, não se daria ele mesmo. Se não se manifestasse como é, não se nos revelaria. Existe uma correspondência entre a Trindade econômica e a imanente: são a mesma, não se distinguem adequadamente. Nesse sentido não há dúvida de que o postulado formulado por K. Rahner, ao menos em sua primeira parte, é legítimo e necessário. Foi frutuoso para a teologia católica, porque contribuiu para a redescoberta das implicações soteriológicas do dogma trinitário, do caráter central dele na teologia e de sua relevância e de seu significado para a vida cristã.

FONTE CONSULTADA:

LADARIA, Luis F. – O Deus Vivo e Verdadeiro (O Mistério da Trindade) – Coleção Theologka – Edições Loyola – São Paulo – Brasil – 2005.


FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.

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