O
CONTEXTO RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO
II.- O
CONTEXTO PAGÃO
Se as raízes do cristianismo afundam
profundamente em terra judaica, seu desenvolvimento realiza-se logo no contexto
pagão. O mundo pagão era profundamente religioso; porém, essa religiosidade
apresentava-se sob as formas mais diversas. A religião greco-romana era
sincretista e popular. O povo continuava apegado às divindades locais e
expressava assim sua lealdade cívica. Porém, ao mesmo tempo, o horizonte
religioso havia-se alargado para oferecer entrada a elementos das mais diversas
procedências, enquanto as praticas religiosas tradicionais se haviam
enriquecido com elementos exóticos.
Supostamente, os antigos templos
continuavam em pé e os antigos ritos eram praticados por multidões; porém os
nomes dos deuses haviam-se multiplicado e misturado em toda sorte de
combinações. Novas formas de culto haviam-se propagado por todo o império. Além
disso, as associações religiosas tinham surgido por toda parte, e o culto ao
imperador havia-se estendido por todo o mundo civilizado.
4.-
Religiões Mistéricas
Apesar das diferenças seu objetivo
comum é alcançar a união entre o homem e a divindade. A união trazia a salvação
(sotería) face às forças do caos e da morte no contexto do ciclo anual de
renovação dos cultos agrários. A salvação adquiria-se mediante o rito de iniciação,
que permitia ao iniciado a comunhão com a divindade e a participação nos
segredos do mistério.
O culto consistia na representação do
mito do triunfo do deus sobre os inimigos e sobre a morte (rito). Através desta
representação, transmitia ao adepto o conhecimento secreto da vida da divindade
e dos meios de unir-se a ela. O iniciado era obrigado ao mais estrito segredo,
e a disciplina do arcano era zelosamente observada. Apesar de todos os
elementos comuns as diversas religiões mistéricas conservavam sua
individualidade e suas próprias características. As mais importantes são:
a.-
Mistérios eleusinos
O mito central é constituído pela
história de Deméter. A deusa da terra, cuja filha Perséfone,ou Koré, tinha sido
arrebatada pelo deus de além no hades, busca sua filha desesperadamente e detém
o crescimento de toda a vegetação até que Zeus lhe permita de novo a união com
sua filha. Como sinal de reconciliação com os deuses e com os homens. Deméter
permite de novo a vegetação crescer e reaviva a natureza que está morrendo.
Mediante adequados ritos, o iniciado adquiria a certeza de que também a ele,
apesar da morte, estava reservado o novo nascimento, graças a adoção pela deusa
mãe.
b.-
Mistérios dionisíacos
O mito central apresentava-se de
diversas formas. Dionisios era fruto da união de Zeus com Selene. O deus
supremo salva-o do ventre da mãe, quando o raio da cólera divina a destrói, e
implanta-o na própria coxa. Dionisios será assim “duplamente nascido”
(re-nato). Hermes transporta-o à cabana das Ninfas, onde crescerá. O mito conta
sua perseguição e sua morte pelos titãs, com diversas versões sobre sua
ressurreição. O deus que morre e ressuscita será considerado o deus da vida que
renasce. Os iniciados celebravam o culto dionisíaco várias vezes ao ano.
c.-
Mistérios órficos
Constituem modificações dos mistérios
dionisíacos, despojados do caráter orgiástico e transformados numa doutrina de
purificação. Pretendiam reportar-se ao mítico Orfeu, que com sua música
encantou a natureza inclusive o deus de além-túmulo, porem foi devorado pelas
bacantes. No fundo trata-se da continua luta entre o bem e o mal (vida e morte)
presentes no homem e na natureza.
d.-
Mistérios de Cibele
O mito central era constituído pelo
amor da deusa Cibele ao pastor Átis. Perante a infidelidade deste, a deusa
enlouqueceu-o, e na loucura ele próprio castrou-se, morrendo em conseqüência
disso. Cibele desolada recuperá-lo da morte. Característico dos mistérios de
Cibele era o taurobolium, espécie de
batismo de sangue de um toro que representava Átis de cuja morte o iniciado
recebia nova vida.
e.-
Mistérios de Ísis e Serápis
O culto foi introduzido por Ptolomeu I
numa tentativa de fundir a religião egípcia com a grega. O nome de Serápis
reflete os dos antigos deuses egípcios Osíris-Ápis. O mito central era
constituído pela morte de Osíris o irmão-esposo de Ísis, assassinado por seu
irmão Seth ou Tifon, que atirou o corpo num ataúde no Nilo. Ísis procura-o por
toda parte; encontra-o finalmente em Biblos e o traz para o Egito. Porém, Seth
despedaça o cadáver em 14 partes e as espalha. Ísis, por sua vez, procura os
pedaços e reúne o corpo de Osíris, que, assim, pode viver de novo como juiz dos mortos. O culto público consistia em
duas festas anuais, no outono e na primavera. Mediante ele, o iniciado adquire
a salvação e renasce transformado “como o próprio sol”.
f.-
Mistérios de Mitra
Originalmente Mitra era um deus
iraniano, irmão de Ahura Mazda, cujo culto se carregou de elementos
astrológicos e escatológicos na Babilônia e implantou-se como religião
mistérica na Ásia Menor.
Daí foi importado e difundido pelos
soldados romanos, entre os quais foi muito popular, em todas as fronteiras do
império. Diocleciano elevou-o à categoria de deus do império, identificando-o
com o Sol Invictus. No mito central,
Mitra nasceu de uma rocha, símbolo do universo, com uma faca, uma tocha e um
gorro frígio.
Seu primeiro grande combate foi com o
touro primordial ao qual terminou matando como um ato de criação, já que do
touro nasceram todos os animais. Mitra converteu-se no protetor do universo e
dos homens, destrói as forças do mal e guia as almas dos mortos nas esferas
celestes. A iniciação (reservada aos varões) começava com o batismo e incluía
uma comida sagrada da qual participavam unicamente os iniciados de graus
superiores. Também era praticado o taurobolium.
Existiam sete graus de iniciação. A passagem progressiva através deles
antecipava em vida a viagem da alma pelas sete esferas celestes até a
felicidade definitiva.
FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.
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