No
Novo Testamento a graça de Deus assume uma proporção maior. Ela é o reflexo do
amor de Deus. Não está ligada unicamente a coisas concretas, mas também às
espirituais. Ela passa a ser algo transcendente, por esta razão que difere da
graça do AT. A graça no NT é relevada na pessoa de Cristo, ou seja, é
encarnada. A graça de Deus se revela, na visão, na obra, na atitude da cruz e
ressurreição de Cristo. Jesus Cristo é a graça encarnada, a manifestação da
Vida, a revelação da graça de Deus. O alvo da graça de Jesus é o
restabelecimento dos humilhados e a valorização dos desprezados.
A
graça não é para os religiosos, não para aqueles que estão dentro dos templos,
mas sim para aqueles que estão sem religião, às margens da sociedade. A
religiosidade tem um grande poder de limitar a graça. A cruz de Cristo se
tornou o símbolo da graça. A cruz e a ressurreição não podem ser para separadas
da obra da graça. No início, os discípulos estavam preocupados apenas com a
ressurreição. Fazendo uma leitura apenas espiritualista sobre a cruz e a graça,
quando Pedro prega no início de Atos, ele enfatiza apenas a ressurreição. Com o
passar do tempo a cruz começa a ser alvo da pregação paulina.
Paulo
enfatiza que a cruz é a manifestação da graça. Em (Ef 1:3 –14) fala das bênçãos
espirituais, que são regeneração, justificação, santificação, reconciliação,
adoção como filhos, dom do Espírito, redenção, expiação, propriação. O problema
na obra paulina está em espiritualizar excessivamente a graça, criando assim
uma graça mais transcendental do que concreta.O conceito transcendental no
cristianismo primitivo foi brutalmente bombardeado por uma herança filosofia do
mundo ocidental chamada de gnose, a qual define que a matéria é má, construindo
assim uma dualidade entre a matéria e o espírito. Esta cosmovisão filosófica da
gnose afetou profundamente o cristianismo. Criando um dualismo entre o espírito
e a matéria, Moltmann argumenta que o agir do Espírito Santo, torna o ser
humano mais humano, mais encarnado.
Por
fim, a ação do Espírito Santo é uma ação de encarnação. “Jesus não veio
libertar o homem da matéria, mais sim libertar a própria matéria”, e enfatiza
também; que quanto mais metafísicos formos mais problemas a graça de Deus terá
para se manifestar, quanto mais humanos e encarnados formos mais a graça de
Deus age.
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