Introdução
Desde
que se encontrou com o Senhor nas proximidades de Damasco a figura de Paulo
suscitou admirações e desapontamentos. Até Ananias, um discípulo do Senhor, a
princípio não entendeu o que estava ocorrendo (At 9,10). Os cristãos de
Jerusalém, ante a visita do convertido ficaram com medo (9,26). Os judeus
passaram a hostilizá-lo. Após sua morte foi amado e odiado. Os marcionitas
tinham-no como o inspirador da pura religião cristã do amor, os gnósticos
admiravam-no porque fora um homem de tivera muitas revelações, visões e
arrebatamentos. Nos Atos de Paulo, ele aparece como um propagandista da
abstinência sexual e da virgindade. Na linha oposta os ebionitas, aferrados às
tradições judaicas, que consideravam Cristo apenas um homem, execraram-no.
Irineu muito se empenhou para libertar Paulo quer dos marcionitas, quer dos
gnósticos, quer dos ebionitas, defendendo a legitimidade das suas cartas e da
sua teologia.
Ao
longo da história Paulo foi submetido a muitas avaliações. Christian Baur,
fundador da escola histórico-crítica destacou-o como o adversário de Pedro e do
“partido petrino”, e defensor de uma visão universalista da Igreja contra o
particularismo de Jerusalém. Outros tiveram intuições mais alargadas: “Segundo
fundador do cristianismo” (Wrede), ou místico, elaborador de uma mística
cristocêntrica (Schweitzer). Nietsche, amargurado com Paulo, disparou-lhe o
título de “disangelista” (anunciador de más notícias).
É da
personalidade deste homem que se tentará falar. A tarefa é muito complexa
porque ele mesmo, de forma reflexa, falou pouco de si. E dele mesmo muitos
quiseram falar. Ainda não terminaram de fazê-lo. Na realidade, para reconhecer
traços do homem Paulo é preciso ler transversalmente as suas epístolas. Isso
significa “respigar” na sua história e nos seus textos o que deixou vislumbrar
dos seus relacionamentos, dos seus sentimentos, dos seus anseios, das suas
alegrias, das suas dores e das indignações. Não se quer aqui interpretar seu
perfil psicológico. A meta é fazer emergir os traços da personalidade do
evangelizador. Conta muito, pois, a percepção de como ele reconhece seus
limites, como reage ante as dificuldades e como expressa sua emotividade, quais
são as fontes de sua alegria.
Para
tal leitura os escritos que mais favorecem são Atos dos Apóstolos, ainda que se
deva ter em conta as intenções histórico-teológicas de Lucas. As epístolas aos
Coríntios, especialmente a segunda, pois nela se podem ler muitos dos
parágrafos de maior emotividade de Paulo. Também Gálatas para a interpretação
que o próprio autor faz de sua vocação e também face ao debate com os
judaizantes é muito importante. Também a epístola aos Filipenses oferece sua
colaboração, nas predileções de Paulo se pode entrever seu amor por Jesus
Cristo.
FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
Nenhum comentário:
Postar um comentário