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SÃO PAULO E SEUS DADOS BIOGRÁFICOS


1 – São Paulo e os seus dados biográficos mais relevantes

1.1 – “Eu sou Judeu, de Tarso, na Cilícia, cidadão de uma cidade que tem sua importância...”
                        
São precisamente estas as palavras que o autor dos Atos dos Apóstolos coloca na boca de Paulo, quando este é interpelado pelo oficial romano, após tê-lo arrancado das mãos da multidão de judeus que, enfurecidos, tencionavam linchá-lo (At 21,39). Na realidade, a cidade de Tarso já desde o século IV a.C. fora adjetivada como “grande e próspera” (Xenofonte). A situação geográfica em muito lhe favorecia: estava edificada em um importante cruzamento de muitas vias. A rota terrestre mais fácil e mais freqüentada da Síria e do Oriente para a Ásia Menor e para o Egeu, ou em sentido inverso, passava por Tarso. A via costeira, prosseguindo para o leste, através das “Portas da Síria”, alcança a planície do Orontes, onde surge o grande centro de Antioquia da Síria. Em direção ao norte havia um caminho que partia de Tarso e, após a atravessar a planície da Cilícia, suplantava a cadeia montanhosa do Tauro, e abria-se pelo planalto anatólico. Em direção ao sul os mercadores de da cidade sempre se serviram com eficiência do rio navegável (Rio Cidno) e da proximidade com o Mediterrâneo. Os navios subiam por um canal natural e aportavam na cidade. Era muito próspera a atividade comercial.

Ademais, era também muito dinâmica a indústria manufatureira. A fértil planície circundante era generosa na produção de cereais e uvas (vinhos). Mas o grande destaque era para a produção do linho, pois que era a matéria prima da vigorosa e famosa indústria têxtil. Eram muito procurados os tecidos brancos, de linho, produzidos em Tarso. Também a manufatura e comércio de peles de cabra era um componente importante da vida econômica da cidade. O termo cilicium (daí o nome Cilícia) designa um tecido rústico, feito de pele de cabra, utilizado para tendas, tapetes, esteiras e velas para navios. 

Quando a Cilícia passou a ser província romana, em 66 a.C., Pompeu converteu Tarso em capital da província. Cícero foi um dos seus governadores. Na guerra civil do império romano a cidade tomou o partido de Marco Antonio e Otaviano, o futuro imperador Augusto. Isso fez com que Cássio e Bruto tomassem medidas de forte represália contra cidade (tributos pesadíssimos). Mas Augusto, vitorioso, premiou-a largamente. Tarso recebeu o estatuto de civitas libera. Entre outras vantagens, isso significava isenção de impostos, prestígio político e direito de soberania sobre a terra, sobre o rio e sobre o mar, na região próxima a Tarso. Em conseqüência a economia dinamizou-se fortemente, acentuou-se a relevância política da cidade, cresceu a população e alargou-se amplamente seu perímetro urbano. 

Foi nesta cidade que Paulo nasceu, provavelmente nos primeiros anos da era cristã. Há atestações antigas, já desde os tempos de Fílon, contemporâneo de Paulo, que confirmam a presença de colonos judeus em províncias da Ásia Menor, particularmente na Cilícia. Sabe-se muito pouco sobre a família de Paulo. A julgar pela qualidade lingüística do seu epistolário, que supõe uma boa formação acadêmica, é pouco provável que tenha vindo de uma família de classe social baixa. É mais lógico pensar que pertencessem à classe média.  Também acerca de sua história pessoal de caráter civil pouco se conhece. As informações do próprio Paulo são extremamente parcimoniosas. Diz apenas que era que era “hebreu, filho de hebreus” (Fl 3,5). Lucas informa um pouco mais: que era cidadão romano desde o nascimento (At 22,27-28; 23,27), que era nascido em Tarso (At 21,39; 22,3), que tinha uma irmã e sobrinho em Jerusalém (23,16). Acrescenta ainda a profissão: era fabricante de tendas (At 18,3). 

Por várias vezes o autor dos Atos dos Apóstolos previne seus leitores que Paulo é cidadão romano (16,35-39; cf. 25,12.16.21.25). Em 22,25-29, para surpresa do tribuno, Paulo confirma que desfruta de tal condição desde o nascimento. E no pensamento lucano tal cidadania assinala decisivamente os projetos de Paulo como proclamador do Evangelho. As informações do autor dos Atos acerca da viagem a Roma, apresentada como privilégio de sua condição de cidadão (25,11-12; 26,32; 28,12) revela indícios consistentes de historicidade. Em seus escritos Paulo nada menciona sobre sua cidadania. 

Mas algo pode ser deduzido: Em 2 Cor. 11,25 ele menciona ter sido flagelado três vezes. Este é um castigo romano por excelência. Especular como Paulo a alcançou é tarefa inútil pela falta de dados históricos. São duas as hipóteses mais aceitas. A primeira é que seus antepassados teriam recebido a alforria quando os habitantes de Tarso foram recompensados por seu apoio a Marco Antonio (42 a.C.) e mais tarde a Otaviano (31 a.C.). Outra possibilidade, mais simples, é que o pai de Paulo, ou o avô, teria sido escravo de algum cidadão romano, por ocasião das vicissitudes bélicas na Palestina (63 a.C). Fora libertado, obtendo assim certo grau de cidadania que aumentava a cada geração sucessiva.

FIQUEM NA PAZ DE DEUS!

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