JÁ PASSARAM POR AQUI !

QUEM FOI SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO?

INTRODUÇÃO

No presente texto refletimos sobre o livro a prática do amor a Jesus Cristo. Neste podemos constatar o admirável itinerário espiritual de seu autor, que tem como princípio essencial o amor a Jesus Cristo. É um amor praticado, isto é, traduzido em ações concretas. Tal amor por Jesus é, na verdade, uma resposta aos “grandes sinais” do amor de Jesus por nós: sua Encarnação, Paixão e Morte, e a Eucaristia.
Por meio do amor, efetivado nas virtudes, vida de oração, meditação e vivência do Sacramento da Eucaristia, que sustentam e fortalecem o amor, Santo Afonso de Ligório, com toda a sua experiência e vivência, mostra-nos o amor como a fonte fundamental da espiritualidade autêntica e da santidade.

BIOGRAFIA

Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787) foi um bispo, escritor e poeta italiano. Fundou a congregação religiosa dos Padres Redentoristas. Estudou na Universidade de Nápoles e aos 16 já estava formado em Direito Civil e Canônico. Como advogado conseguiu renome mas abandonou tudo para se dedicar a vida religiosa.
Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787) nasceu em Marianella, perto de Nápoles na Itália, no dia 27 de setembro. Era filho de uma das mais antigas e nobres famílias de Nápoles. Seu pai era Capitão da Marinha Real e sua mãe católica fervorosa. Ainda pequeno, recebeu do Santo São Francisco de Jerônimo da Companhia de Jesus, a seguinte profecia: "Esta criança, não morrerá antes dos 90 anos. Será bispo e realizará maravilhas na Igreja de Deus".
Seu pai destinou-o aos estudos das artes liberais, das ciências exatas e das disciplinas jurídicas, conseguindo rápidos e surpreendentes progressos. Aos dezesseis anos doutorou-se em direito civil e eclesiástico e começou seu trabalho no foro. Seu pai já tinha preparado uma noiva, rica e nobre para o filho, mas no coração de Afonso, só havia lugar para a vida religiosa.
Como advogado, já de renome, recebeu uma causa de grande importância do Duque Orsini contra o grão-duque de Toscana. Meticulosamente estudou o processo, reviu os autos, conferiu documentos. Fez uma brilhante defesa no foro. A vitória parecia mais que garantida quando o contra-atacante lhe chamou a atenção para uma pequena falha que lhe passara despercebida. Afonso reconheceu que se enganara e exclamou: "Ó mundo falaz, agora eu te conheço! Adeus tribunais!". Esse acontecimento determinou a reviravolta mais profunda de sua vida.
Santo Afonso Maria de Ligório, jovem e brilhante advogado abandonou definitivamente a advocacia para dedicar-se às causas evangélicas. Completou os estudos de teologia e foi ordenado sacerdote aos trinta anos, no dia 21 de dezembro de 1726. Esta mudança custou-lhe muitas desavenças com o pai, que não podia conformar-se com a escolha feita pelo filho, renunciando aos títulos de nobreza e à rica herança da família. Santo Afonso Maria de Ligório morreu no dia 1 de agosto de 1789, no convento de Pagani na Itália.

O AMOR A JESUS CRISTO
FONTE DA ESPIRITUALIDADE E DA SANTIDADE

Se pretendermos compreender o itinerário traçado por Santo Afonso não podemos prescindir daquela realidade que se apresenta como sendo fonte de sua espiritualidade e de sua vida de santidade. Tal realidade é o amor, o amor a Jesus Cristo.
Vejamos o que nos diz o santo: “toda a santidade e toda a perfeição de uma pessoa consiste em amar a Jesus Cristo, nosso Deus, nosso maior bem, nosso salvador” (Afonso, 1996, p.11). Aqui já temos, indubitavelmente, o caminho aberto para compreendermos que o amor a Jesus Cristo gerou em Afonso a santidade e a espiritualidade autêntica. Mais ainda, ensina-o a renunciar às coisas desagradáveis a Deus e a procurar realizar o que lhe agrada.
Esse amor é impelido pelo fato de que Deus ama o ser humano por primeiro. Por isso ele pergunta se Deus não merece todo nosso amor, pois “Ele nos amou eternamente” (Afonso, 1996, p.11-12). Não só nos amou, mas também criou tudo para nós e espera que o amemos como forma de agradecimento pelos dons que Dele recebemos. Até porque a própria criação diz que o autor da criação deve ser amado. Para santo Afonso Deus não se satisfez em dar-nos as belas criaturas, mas, para que o amemos, entregou-se a nós em todo o seu ser.  
Tem na paixão de Jesus uma prova de amor. “Podendo remir-nos sem sofrer, por que desejou escolher a morte de cruz? Para nos mostrar seu amor... Amou-nos e, porque nos amava, entregou-se nos braços da dor, da vergonha, da morte mais dolorosa que algum homem já suportou na terra” (Afonso, 1996, p.15).
Com isso percebemos que o santo tem uma grande devoção à paixão de Jesus, pois acredita que esta é agradável a Deus. Mais por quê? Segundo ele, pelo fato de que nela os pecadores encontram consolação e as pessoas que amam são animadas. É da paixão de Cristo que emana tantos bens que recebemos. É também de onde nos vem a esperança de perdão, a força contra as tentações e a confiança de alcançarmos o paraíso.
Como se não bastasse, Afonso ainda afirma que as luzes da verdade, os convites de amor, os estímulos para mudar de vida e os desejos de doação a Deus brotam da referida paixão. Eis uma bela exortação que o santo nos faz: pensar sempre na paixão de Cristo.
Em consequência da devoção à paixão de Cristo emerge a devoção à Eucaristia. Esta é outra incrível realidade pela qual Afonso sente-se impelido a amar a Jesus Cristo, pois a Eucaristia é para ele outra grande prova do amor de Jesus por nós. Por isso ele diz: “Mas vós, Jesus, partindo deste mundo, o que nos deixastes em memória de vosso amor? Não uma veste, um anel, mas o vosso corpo, o vosso sangue, a vossa alma, a vossa divindade, vós mesmo, todo, sem reservas” (Afonso, 1996, p.25).  Ele considera esse sacramento um sacramento de amor, já que foi o amor que levou Jesus a dar-se todo nele. É, na verdade, a união de Jesus com cada um de nós.
Isto o leva a afirmar que não existe coisa tão proveitosa a nós como a comunhão. Tanto é assim que ele afirma que se uma pessoa recebeu bem a comunhão, pode dizer que com ela lhe vieram todos os bens. Outro entendimento que ele tem sobre a comunhão é o de que a mesma é o remédio que nos livra dos pecados veniais, ao tempo que nos preserva dos mortais.
Por meio de tal Sacramento as pessoas são especialmente inflamadas no amor de Deus. Isto significa dizer que Jesus acende uma chama de amor em todo aquele que o recebe devotamente no Sacramento. Assim, ter um grande desejo de ser santo e de crescer no amor a Jesus Cristo é algo que deve ser presente naqueles que pretendem comungar frequentemente. Tal desejo pode-se perceber em Afonso.     
 Santo Afonso é um homem que teve uma profunda confiança no amor de Cristo e em tudo que Ele realizou. Isto o levou a dizer que... “nós devemos pôr nossa confiança em Jesus Cristo, depois que ele veio e realizou a obra da redenção!” (Afonso, 1996, p.36). Ele tem presente que o próprio sangue de Jesus alcança para nós a divina misericórdia, pois esse mesmo sangue fala por nós.
Nós recuperamos a esperança do perdão e da salvação eterna quando Jesus, morrendo, apagou nossa condenação com o seu sangue. Reconhece, pois, que o grande mistério de amor alcançou para o ser humano, através do que foi efetivado na cruz, a salvação. Este é o motivo que levou o santo a confiar no amor e na obra de Cristo. E também por isso Jesus merece todo amor do ser humano.
Santo Afonso possuía ainda o agudo senso referente às virtudes e ao que se deve evitar na relação com Deus. O exercício das virtudes era para ele o meio de conservar e aumentar em nós o santo amor, já que as virtudes são, na verdade, características do próprio amor. É também uma forma de ver se estamos amando verdadeiramente a Jesus Cristo. Aqui emerge que o amor a Jesus não é um mero sentimento, mas é caracterizado pela prática das virtudes.
É bom saber que Afonso toma São Paulo como pressuposto para a sua reflexão sobre as virtudes. Basta vê o que ele diz: “... São Paulo nos indica os sinais da verdadeira caridade, e ao mesmo tempo nos ensina a prática das virtudes que são filhas da caridade” (Afonso, 1996, p.54). A partir desse pressuposto o santo compreende que aqueles que amam a Jesus Cristo e querem alcançar a santidade, devem praticar as virtudes e evitar o que desagrada a Deus.
O que se constata é que para ele é preciso que se pratique a virtude da paciência frente aos sofrimentos da vida. É ter paciência na dor, suportando o sofrimento por amor a Deus. O amor também gera mansidão. É preciso ser manso para com todos, especialmente com os pobres, doentes e inimigos.
Não sendo a caridade invejosa, aquele que ama não tem apego às riquezas do mundo. Isto significa não invejar os grandes do mundo, isto é, as suas riquezas, horas e aplausos que recebem dos homens, pois causam a perda de tantas almas. Assim, como pensa Afonso, as nossas ações e pensamentos devem visar a vontade de Deus e não as nossas satisfações.
Aquele que ama deve ser humilde em todas as situações. Não se envaidece com vantagens naturais ou, menos ainda, com as espirituais. Ter humildade é também não querer aparecer e receber honras humanas. Para S. Afonso, aquele que ama não tem apego de coração ás criaturas. Tem paciência e calma frente aos incidentes. Aceita a vontade de Deus, acolhendo em paz tudo o que lhe acontece de agradável ou desagradável. Frente às tentações, pratica a resignação e a oração. Na aridez espiritual, exercita a humildade e a resignação à vontade de Deus.
Outra realidade no itinerário espiritual do santo é sua vida de oração. Percebe-se que sua oração não é condicionada pelo desejo de alcançar bens matérias, mas sim pelo o reconhecimento de sua condição. Esta condição é a de quem é amado e também é impelido a amar, pois o Senhor realizara grandes coisas em sua vida.
No conteúdo de sua oração estão presentes declarações de amor, reconhecimento de que é amado, consciência de ser pecador, arrependimento, sentimento de culpa, esperança e desejo de participação das dores de Cristo por amor. No que se refere à Maria, o mesmo a reconhece como intercessora. Fala de Maria como Mãe de Deus e sua Mãe, Rainha do Céu e advogada. Assim, deposita nela uma grande confiança.  
 Tudo o que foi exposto nos revela o caminho que S. Afonso tomou no objetivo de alcançar a santidade. Mas ele aponta algo que considera uma ameaça para que se chegue à mesma, a saber, a tibieza. Por isso faz a seguinte afirmação: “A caridade ama a perfeição e por isso detesta a tibieza; algumas pessoas servem a Deus na tibieza com grande perigo de perder a caridade, a graça divina, a alma e tudo” (Afonso, 1996, p.86).
Frente a tal grande perigo ele mostra cinco meios para deixar a tibieza e caminhar na santidade. Primeiro é necessário que se deseje a santidade, pois os santos desejos dão forças para caminhar na santidade e ao mesmo tempo aliviam os sofrimentos da caminhada. Em segundo aparece a decisão de ser de Deus, pois não é suficiente só o desejo de ser santo, se não há uma firme resolução de atingi-lo. O Terceiro meio aparece como sendo a meditação. Ora, os olhos do corpo não enxergam as verdades da fé. São, pois, os olhos da alma que as enxergam, quando o espírito as medita. Quarto é a Eucaristia, isto é, a comunhão frequente. Esta é a melhor forma para alcançar a santidade. E o quinto meio é a oração. Por esta não apenas são obtidos os bens junto a Deus, mas também se sabe a sua vontade e seu amor.
Portanto, o supracitado é aquilo que parece constituir o itinerário espiritual de S. Afonso de Ligório. Sendo, pois, o amor como que o combustível que o conduziu pelo o caminho que o levou a uma espiritualidade autêntica e à santidade. Amor, isto é, “a prática do amar a Jesus Cristo”.


CONCLUSÃO

A leitura do livro “a prática do amor a Jesus Cristo” me fez rememorar algo que é essencial para o meu itinerário espiritual: o amor. Ora, quanto é essencial sentir-me amado pelo Senhor. E quanto é necessário amá-lo como resposta ao seu amor.
Mas o amor do Senhor por mim foi expresso em atos. Santo Afonso me fez lembrar não só daquelas maravilhosas coisas que o Senhor realizou por amor e que estão postas acima, mas também me levou a ter consciência dos atos de amor realizados em todos os dias de minha vida. Com efeito, devo deixar-me ser impulsionado por esse amor. Isto significa que devo amar também com atitudes, isto é, buscando realizar aquilo que agrada ao amado.
Ele também reacendeu em mim o desejo de viver a santidade. Não falo na pretensão de ser perfeito, sem pecado, sem falas, sem quedas, mas que mesmo com essas realidades procure está no estado de vida no Espírito Santo. Buscando no meu dia a dia colocar em prática aquelas virtudes que são características do amor, que expressam a luta de quem deseja amar o Senhor e a viver como ele viveu.
Como Santo Afonso ajudou-me a ver a necessidade de colocar o amor naquilo que realizo enquanto estudante e formando. Em outras palavras, como deve colocar amor nos estudos, nas tarefas do seminário, na pastoral e naquilo que constitui uma vocação sacerdotal como um todo. Mais ainda, como devo amar a Eucaristia. Esta que é uma grande prova de amor, pois nela Jesus se entrega a nós e alimenta nossa vida espiritual e nos fortalece na busca da santidade.
Portanto, Santo Afonso me faz compreender que o amor de Jesus por mim, e o meu amor por Ele, expresso na prática, é essencialmente fonte da espiritualidade e da santidade que eu devo vivenciar agora como seminarista e depois chegando a ser Padre.  Por isso peço que Santo Afonso rogue por mim, para que eu possa ser fiel à minha vocação, vivenciando-a com amor a Jesus Cristo e aos irmãos, que também são expressão do amor de Deus. Amém.  

             
REFERÊNCIA
  
Afonso Maria de Ligório, Santo. A prática do amor a Jesus Cristo. Aparecida, SP: Editora Santuário, 1996.

FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

CONFIRA AS POSTAGENS MAIS VISITADAS (PROCURADAS) DO BLOG. VALE A PENA!

BLOGS PARCEIROS!