Isto é o meu corpo. Isto é o meu Sangue;
O sangue da Nova e Eterna Aliança.
REFLEXÃO CELEBRATIVA
(proposta de homilia)
1 – Solenidade de ação de graças
Nossa comunidade, juntamente com toda a Igreja, reúne-se neste
hoje para celebrar uma grande ação de graças. De fato, é preciso colocar-se
diante de Deus para dizer “muito obrigado pela Eucaristia”, que é presença de
Jesus Cristo entre nós, que é atualização da salvação de Jesus Cristo entre nós
e que é alimento de vida e para a vida. Por tudo isso, hoje, devemos dizer: “graças e louvores sejam dados a todo
momento ao santíssimo e diviníssimo
sacramento da Eucaristia”. A belíssima seqüência que ouvimos, atribuída a
São Tomás de Aquino, dizia na 2ª estrofe, para incentivar o louvor a Deus pelo
dom da Eucaristia: “tanto possas, tanto
ouses, em louva-lo não repouses, sempre excede o teu louvor”. Diante deste
grande e sublime sacramento, o louvor deve ser excedido, ultrapassado, porque
nunca será demais louvar o Senhor pelo dom da Eucaristia.
2 – Uma celebração que faz memória da aliança
As leituras que acabamos de ouvir nos mostram uma dimensão
comprometedora da Eucaristia. Ou seja, em toda missa que participamos,
renovamos nosso compromisso de aliança com Deus. Antigamente, no tempo de
Moisés, este compromisso aconteceu durante uma celebração. Ouvimos na 1ª
leitura que Moisés leu o que Deus pedia ao seu povo. O povo respondeu que
aceitava a proposta divina dizendo: “faremos
tudo o que o Senhor mandar e obedeceremos os seus mandamentos”. Depois,
Moisés pegou o sangue do sacrifício dos animais e jogou um pouco sobre o altar
e outro tanto sobre o povo com as seguintes palavras: “este é o sangue da aliança que o Senhor fez convosco”. — Por que
jogar sangue em cima do altar e sobre o povo? Porque para o povo da Bíblia, o
sangue representava a vida. Tratava-se, portanto, de uma aliança que empenhava
a vida de Deus, a vida do povo e a vida de cada um dos participantes. Com
Jesus, esta antiga aliança deixa de existir para acontecer uma nova e eterna
aliança. É o que ouvimos no evangelho e em todas as missas, na consagração do
vinho: “este é o sangue da nova e eterna
aliança”. A 2ª leitura explica que a aliança que nós cristãos fizemos com
Deus não é feita com o sangue de animais, mas com o sangue de Jesus Cristo. O
altar é o seu Corpo, onde cai o sangue derramado na cruz e nós participamos
desta aliança, que empenha a vida, comungando o corpo e o sangue do Senhor na
Eucaristia.
3 – Aliança que conhecemos as cláusulas e é selada no sangue
Como toda aliança tem compromissos, direitos e deveres, também a
aliança selada com Deus tem compromissos, direitos e deveres. Tantas vezes
esquecemos disso quando participamos da eucaristia. Esquecemos os compromissos
que assumimos com Deus durante a missa. A 1ª leitura dizia que depois que o
povo ouviu a Palavra de Deus e gritou em alta voz: “nós faremos tudo o que o Senhor disser”. Hoje, na missa nós dizemos
somente “graças a Deus”, depois de
ouvir a Palavra de Deus, mas o sentido é o mesmo. Nós nos comprometemos a fazer
o que o Senhor pede através da Palavra que ouvimos. A missa, domingo depois de
domingo, nos ensina como viver, na vida diária, o compromisso de aliança que
assumimos com Deus; compromisso assumido no sangue de Jesus Cristo. Por isso,
quem não quiser assumir este compromisso, de viver como Deus pede, não deve
comungar, porque quem comunga, compromete sua vida com o projeto de Deus. Como
alguém pode comungar se não se compromete a viver de acordo com o Evangelho,
onde está o projeto divino?
4 – Eucaristia não é reza poderosa, é renovação da aliança com
Deus
Minhas palavras são duras, mas esta é a realidade. Eucaristia não
é reza poderosa, como estas que se vêem em folhetos e santinhos, transformando
o relacionamento com Deus em ato de mágica. Celebrar a eucaristia é
comprometer-se com o projeto de Deus, é comprometer-se com o jeito de viver
proposto no Evangelho, é comprometer-se a viver como Jesus Cristo nos ensinou.
Que sentido tem, você misturar seu sangue com o sangue de Cristo e não viver
como ele ensina? Que sentido tem, você dizer que irá viver como Deus propõe, na
Liturgia da Palavra, e misturar sua vida à vida de Cristo, através da comunhão
e, depois da missa, viver longe de Deus?
5 – Rever nosso modo de compreender a Eucaristia
Iniciei minha reflexão lembrando que hoje é dia de ação de graças
pela Eucaristia que participamos e comungamos em nossas comunidades. Mas, hoje
é também um dia para rever nosso modo de compreender a Eucaristia. É preciso
que cada um se pergunte se vive aquilo que celebra na Eucaristia. Se está
comprometido com Cristo e com o projeto divino a ponto de celebrar a Eucaristia
para fazer aliança com Deus e comprometer-se ainda mais com o projeto divino.
Muitos fazem da missa um ato social, mandam rezar missas nas intenções de
mortos e fica por isso mesmo; nunca se comprometem com aquilo que celebram. É
preciso que tais abusos terminem em nossa comunidade. Que cada um de nós possa
viver sua vida cristã alimentando-se da Eucaristia e comprometendo-se com
aquilo que a Eucaristia propõe. “Graças e
louvores sejam dados a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo sacramento”.
Amém!
FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.
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