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A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA NA VIDA DA IGREJA


A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA NA IGREJA

(ABORDAGEM DA LIBERTAÇÃO)

INTRODUÇÃO
            
O Documento da Pontifícia Comissão Bíblica, denominado “A Interpretação da Bíblia na Igreja” foi concluído e apresentado em 1993. Sua aprovação e publicação dá-se por ocasião do xentenário da Encíclica “Providentíssimus Deus”, do Papa Leão XIII e do Cinqüentenário da “Divino Afflante Spiritus”, do Papa Pio XII.
            
Esse Documento vem de encontro de uma preocupação do Papa João Paulo II e de toda a Igreja, cujo nome do mesmo do Documento já revela. Para João Paulo II: “O modo de interpretar os textos bíblicos para os homens e as mulheres de hoje tem conseqüências diretas sobre a relação pessoal e comunitária dos mesmos com Deus, e está também estreitamente ligado à missão da Igreja. Trata-se de um problema vital, que merece toda a vossa atenção”. O estudo da Sagrada Escritura sempre foi tido em conta de principal e fulcral importância para a teologia e é como que a sua alma, conforme o Vaticano II, referindo-se a uma afirmação de Leão XIII.
            
É possível afirmar que o método histórico-crítico abriu novas compreensões e perspectivas acerca da Escritura e de sua interpretação. A Igreja o recomenda, mas não descuida de alertar para possíveis riscos reducionistas que subtrairiam a realidade divina de sua compilação e finalidade. Há vários métodos e abordagens, mas tomaremos e exporemos sinteticamente, dentro das “Abordagens Contextuais”, a partir do que coloca o Documento da Pontifícia Comissão Bíblica, a Abordagem da Libertação.

ABORDAGENS CONTEXTUAIS
ABORDAGEM DA LIBERTAÇÃO
            
Para tratar da Abordagem da Libertação é preciso entender ao menos um pouco o que seja a Teologia da Libertação. Não é, pode-se afirmá-lo, um fenômeno simples. Remonta à década de 70 seu início e parte da realidade Latino-Americana em seu contexto sócio-político-econômico. Dois acontecimentos a incentivam e movem: o Concílio Vaticano II e a Conferência Episcopal Latino-Americana realizada em Meellín, em 1968.
            
A hermenêutica para a leitura da Bíblia e o aprofundamento teológico parte da realidade dos pobres e de suas necessidades, sendo que a Bíblia alimenta sua fé e coragem para a luta pela libertação das estruturas que os oprimem (o capitalismo, latifundiários etc). De acordo com a necessidade do povo, faz-se uma leitura atualizada na qual a Palavra impulsionará para a práxis (transformação da sociedade, onde todos tenham direitos iguais, ao menos, às necessidades básicas).

            Há alguns princípios, estes são:
·        Deus presente na história do seu povo. Ele não tolera injustiça e opressão
·        A exegese deve tomar partido pelos pobres e engajar-se na luta pela libertação dos oprimidos.
·        A comunidade dos pobres é a melhor destinatária para receber a Bíblia como palavra de libertação.
·        Tendo sido os escritos bíblicos feitos para as comunidades, são as comunidades que em primeiro lugar a leitura da Palavra é confiada.
·        A Palavra de Deus é plenamente atual, pois os “acontecimentos fundadores” (Êxodo do Egito, Paixão e Ressurreição de Jesus) tornam possíveis novas realizações.

Há, sem dúvida, elementos preciosos e que nunca foram alheios, menos ainda estranhos à consciência e vivência da Igreja, mas que aparecem agora novamente, em um novo contexto: a presença de Deus que salva, a dimensão comunitária da fé, uma práxis libertadora enraizada na justiça e no amor, a Palavra de Deus como alimento do povo em meio às suas lutas e esperanças.
Do outro lado, não se pode ocultar os graves perigos dessa leitura da Sagrada Escritura. De fato, esse movimento de libertação encontra-se e  tende à evolução, logo as observações e leituras são provisórias. É certo que a exegese não pode ser neutra, mas ela deve também evitar ser unilateral, considerando-se que o engajamento sócio-político não é tarefa direta do exegeta.
Com o intuito de engranzar a mensagem bíblica no contexto sócio-político, alguns instrumentos de análise da realidade social foram tomados como tomados e aplicados. Doutrinas materialistas foram utilizadas para a interpretação da Bíblia, e isso provocou muitas questões, dentre elas o a leitura da Bíblia a partir do princípio marxista da luta de classes.
Devido a tantos e graves problemas sociais não poucas vezes acentuou-se uma libertação histórico-política em detrimento da esperança e dimensão escatológica transcendente da Escritura.
A dinamicidade da história e, portanto, as mudanças sociais e políticas levam a novos questionamentos e direções. Tratando-se de um desenvolvimento e fecundidade na Igreja, será necessário e imprescindível o esclarecimento dos pressupostos hermenêuticos dessa abordagem, de seus métodos e coerência com a fé e a Tradição do conjunto da Igreja.

CONCLUSÃO
            
Ao interpretar a Bíblia, muitas vezes a mentalidade dos leitores que a fazem é algo que influencia na percepção e compreensão dessa mesma Palavra. Há o risco, então, de supervalorizar um aspecto com o dano de não levar em consideração os demais.
            
Na abordagem da Libertação é possível encontrar elementos de reflexão propõe elementos de valor indubitável: a relação necessária entre a fé e a vida, o despertar das consciências em favor da dignidade humana, entre outros. De igual modo é possível encontrar elementos de risco: o esquecimento do Transcendente que inspirou a Palavra para a maior libertação, que é a do pecado; as circunstâncias histórico-sócio-políticas que levam à leitura da libertação passam e, caem logo, tal estrutura hermenêutica.
            
Por fim, é preciso estudar e perscrutar as Escrituras com os vários métodos existentes, dentre eles o histórico-crítico – indispensável, uma vez que a Sagrada Escritura é “Palavra de Deus em palavra humana”. É preciso conseguir o conteúdo unitário e unificador da Palavra, sem distorções ou manipulações. Ao contrário, aplicá-la (e isto é diferente de manipular por interesses pessoais ou coletivos) de acordo com a vontade de Deus e à realidade da Igreja e dos povos.

FIQUEM NA PAZ DE DEUS! 

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