O batismo nos torna membros do corpo de Cristo. Ele é a cabeça, nós somos seus membros, formamos sua Igreja. “Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo” (1 Coríntios 12, 12-13).
Formamos o Povo de Deus, a Igreja (reunião dos que crêem), e caminhamos para a casa do Pai. Não somos um povo errante, mas peregrino, amado e conduzido pelo Pai. Por isso, nós nos reunimos como comunidade de fé, unidos pelo vínculo do Batismo que produz uma só fé, um só Espírito.
É comum os pais solicitarem o Batismo motivados apenas pela tradição familiar, pelo costume de batizar a criança com medo de alguma força maléfica. Vivemos em tempos nos quais esses argumentos não se sustentam se não estiverem acompanhados de uma real educação da fé tanto da criança quanto de toda a família, a começar dos pais. Hoje, temos o triste quadro de milhões de cristãos que, embora batizados, não foram evangelizados, não conhecem a fé recebida no Batismo, e por isso muitos deixam a Igreja sem conhecê-la.
Atualmente, constatamos o fenômeno de troca de Igrejas. Há, minimamente, que averiguar a origem da comunidade a qual se vai aderir. Como ela foi fundada? Trata-se apenas de uma inspiração humana particular, de alguma pessoa que começou a congregar? Esse argumento deve ser questionado, porque livremente poderíamos abrir um sem-fim de comunidades com denominações diferentes.
Às vezes, busca-se aquela que mais me agrada, ou aquela na qual me sinto bem, ou aquela em que fui mais bem acolhido, ou então onde consegui exatamente a graça desejada. Tais motivações são válidas, porém insuficientes para definir uma Igreja na qual viver a fé. Se assim fosse, caberia eleger aquela que melhor executasse o plano de propaganda e atendimento de seus clientes.
A Igreja é casa e família para todos, especialmente para os que estão cansados e sobrecarregados, como nos diz Jesus em Mateus 11,28: “Vinde a mim todos vós que estais cansados sob o peso do fardo, e eu vos darei descanso”. Porém, esclarecemos que temos fé não para que Deus satisfaça nossas vontades, ou porque somos capazes de insistir tanto na oração de intercessão que alcançamos tudo o que queremos. Diz-nos o evangelho: “Pedi e vos será dado! Procurai e encontrareis! Batei e a porta vos será aberta!” (Mateus 7,7). Essa palavra deve ser lida, antes de tudo, no contexto em que estamos neste mundo para cumprir a vontade de Deus. Como Jesus Cristo, que não veio fazer sua própria vontade mas sim a do Pai (cf. João 6, 38), assim, como dizemos no Pai-nosso, “seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”. E entender que as coisas acontecem no transcorrer da vida humana, com seus desafios, dificuldades e vitórias, sem diminuir a força do pecado e suas conseqüências sobre nós.
Alcançar essa ou aquela graça, ou ter sucesso, não basta. Nossa maior alegria, enquanto pessoas de fé, é acolher a vitória da ressurreição em nossas vidas. Essa é a maior graça que alcançamos como filhos de Deus. Fomos salvos, libertos de toda escravidão e em Cristo alcançamos a plenitude da vida eterna. Por isso, todos os pedidos que fazemos a Deus devem ser relativizados dentro da misericórdia do Pai, o qual nos quer salvar com o sacrifício de seu Filho Jesus. Nada se compra a essa grandeza.
Alertamos também para a leitura fundamentalista que se faz da Bíblia em muitas dessas novas comunidades. Um versículo da Bíblia isolado do contexto em que foi escrito ou da intenção do autor bíblico constitui uma palavra fácil de ser manipulada pelo pregador segundo sua intenção de mostrar isto ou aquilo. Cada passagem deve ser lida em comparação com textos de outros livros bíblicos, a fim de que seu sentido seja matizado e completado no conjunto da revelação.
Fonte: Batismo de crianças – livro dos pais e padrinhos – núcleo de catequese Paulinas – Nucap – Editora Paulinas – 2ª edição – São Paulo – Brasil (Coleção água e espírito).
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