AS ORIGENS E OS PRIMEIROS PROGRESSOS DO MONACATO
* Os anos de 310-410 nos levam a assistir a muitas outras manifestações da vitalidade da Igreja, o Monacato, por exemplo.
* O monacato chegou de alguma forma a substituir-se à perseguição, e isto na ordem das idéias e do tempo.
*Durante as perseguições o martírio representava normalmente o ponto alto da ascensão espiritual de uma alma cristã chamada à perfeição. Com o fim da perseguição por parte do Império há um afrouxamento espiritual. O martírio não é mais comum, há conversões superficiais e aliança do Império com a Igreja.
* A fuga para fora do mundo parece mais favorável para chegar à vida perfeita. Solidão, ascese, contemplação. Encontra-se seu equivalente nas civilizações mais diversas, Índia, Ásia Central, China, talvez mesmo na América pré-colombiana.
* O monacato aparece no Egito no fim do III século. Os solitários ou anacoretas são os primeiros representantes. Anacorese: “subida ao deserto”.
Santo Antão, Pai dos Monges
* O monacato faz sua entrada na história com Santo Antão, “pai dos monges”. Santo Atanásio lhe consagrou uma biografia, traduzida e por isso exerceu influência considerável e contribuiu muito para difundir esse novo ideal e suscitar vocações.
* Antão seria um colono egípcio de origem modesta e cristão de nascimento. O monacato quer reafirmar o primado dos simples que constitui um dos aspectos essenciais da mensagem evangélica.
* O monge é em primeiro lugar um cristão que toma a sério e segue à letra os conselhos do Evangelho.
* Antão se entrega à vida solitária e à vida de penitência e de ascese sempre mais rigorosas. Quer alcançar o perfeito domínio das paixões. Trabalho das mãos, vigília e oração.
* Em vida de Santo Antão e progressivamente após sua morte, o monacato se difunde pelo mundo cristão todo inteiro, enriquecendo o corpo da Igreja de uma forma nova de vocação para a santidade; bem entendido, foi-se diversificando.
Agrupamento de Anacoretas
* É a forma mais antiga e a mais elementar da organização; os discípulos constroem cada qual para si uma cela na vizinhança da cela dele. Solidão e vida comum buscam se harmonizar.
* Em princípio cada monge vive, trabalha e medita em sua cela. Todos se reúnem para a oração comum. Do Médio Egito difundiu-se para todo o Egito.
* Fundado nos anos 330 a Cécia acolheu o curiosíssimo personagem que foi Evágrio o Pôntico: leitor de São Basílio e diácono de São Gregório Magno. Tem tendências heréticas, mas sua doutrina espiritual possui o mais alto valor. Seu papel histórico foi o de sistematizar tal ensino e de dar-lhe um corpo de doutrina.
* Muitos viajantes redigiram as conversações que mantiveram com os grandes solitários.
O Cenobitismo Pacomiano
* Com São Pacômio surge outro tipo de monacato que, em reação, porá o acento sobre a “vida comum”, koinos bios – o cenobitismo, dado que os anacoretas lhes parecia com um forma frouxa e favorecendo o individualismo.
* Sua estrutura era vigorosa. A primeira regra monástica aí nasceu, com 194 artigos, regulando a oração em comum, o trabalho e a disciplina.
* Obtendo êxito, criou um segundo mosteiro e seguiram-se outras fundações. Até sua morte, em 346, São Pacômio havia estabelecido nove conventos masculinos e dois femininos.
* O conjunto dos mosteiros formava uma congregação sob a autoridade de um superior geral instalado em Tabenese e mais tarde em Pboou.
* Como se tornaram muitos os monges, a economia egípcia foi favorecida pelo trabalho na agricultura, espalhando-se no vale do Nilo.
* Com o crescimento do monacato, houve um acento na severidade da regra, no rigor da disciplina.
A Comunidade Basiliana
* O Egito, na Antiguidade Cristã, se mostrará como a terra de eleição do monacato. Este se difundiu progressivamente em todo o Oriente. Na Palestina surge com Santo Hilário de Gaza.
* Na Síria o iniciador foi Eustácio.
* O monacato alcançou progresso decisivo com São Basílio que, logo após o batismo, abraçou a vida monástica. Agrupou junto a si alguns amigos, como São Gregório de Nazianzo.
* Sua carreira (de Basílio) de monge foi breve – foi ordenado sacerdote e depois bispo da Sé Metropolitana de Cesaréia da Capadócia.
* Foi importante organizador e legislador de regras monásticas, cuja irradiação foi grande e continha uma nova concepção da instituição monástica.
* O acento será colocado sobre a vida em comunidade, pois é o quadro normal do desenvolvimento da vida espiritual. A anacorese, pouco a pouco, vai sumindo do horizonte. O ideal para Basílio era a vida dos primeiros cristãos de Jerusalém, como descreve os Atos dos Apóstolos. Acentua também a obediência.
São Jerônimo e a Propaganda Ascética no Ambiente Romano
* Santo Atanásio começa a tornar conhecido, em Roma, no Ocidente, portanto, a existência do monacato. Mas o nome de Jerônimo merece especial menção. Após formação no deserto de Cálcis veio morar em Roma.
* Propagou o ideal ascético e encontrou grande êxito, de modo especial à mais alta aristocracia senatorial.
* Esse êxito teve seu revés: o monacato suscitou na hora de sua aparição em Roma bom número de reticências, donde surgiram discussões.
* São Jerônimo teve que deixar Roma em 385. São Jerônimo estabeleceu-se em Belém junto ao mosteiro feminino, fundado sob a direção de Santa Paula.
Mosteiros Episcopais do Ocidente
* O monacato continuava a florescer na Itália (em torno de Santo Ambrósio de Milão), na África, na Espanha, na Gália.
* Em 360 São Martinho estabeleceu-se perto de Poitiers. Este primeiro monacato latino alimenta-se de maneira muito direta nas fontes orientais.
* Eusébio, bispo de Vercelli, fiel defensor da ortodoxia nicena foi exilado, por este motivo, pelo Imperador Constâncio em 355. Visitou o Oriente e se identificou com Evágrio de Antioquia. O bispo quis, então, ser monge e agrupou em torno de si os membros de seu clero para levar uma vida ascética, em comunidade.
* Agostinho é outro exemplo de bispo que seguiu esse caminho. Abraçou a vida monástica assim que recebeu o batismo. Reuniu em torno de si homens dedicados à vida monástica unida ao trabalho científico-filosófico. Mesmo depois de sacerdote e bispo, agrupou certo número de clérigos e impôs a todo o seu clero a renúncia monástica e especialmente o voto de pobreza.
* Com São Martinho não foi tão diferente. Arrancado à solidão para tornar-se bispo de Tours, não renunciou à vida ascética que levava. Reuniu também uma comunidade. Assim como Hipona, sua diocese constituiu-se em um centro de formação eclesiástica que se irradiou por sobre a região toda.
* Muitas outras criações surgiram, o que abriu caminho para as futuras comunidades de cônegos regulares e para a vivencia entre a vida do clero secular e as exigências do estado monástico.
FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.
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