A Mulher Adúltera
Evangelho de João 8, 1-20
Dando continuidade a sua caminhada rumo a Jerusalém, Jesus é encontrado agora no templo, lugar onde a casta sacerdotal da época e grande parte do povo se reuniam para rezar, pelo menos era o mais provável, mas o que vemos segundo João é mais um julgamento humano, e desta vez, feita sobre as atitudes de uma pecadora. O Evangelista e Apóstolo nos mostra claramente neste trecho a profunda ação de acolhimento por parte de Jesus a esses pequeninos desprotegidos e excluídos da sociedade de sua época.
Jesus vai ao templo ao romper da manhã (Jo. 8, 2), no entanto, acontece um fato curioso as pessoas que lá estavam se aproximam dele para escutá-lo. E como podemos interpretar esta alegoria que o evangelista faz questão de citar? Ora, o evangelista dar a resposta, mais adiante. No mesmo capítulo do evangelho encontramos a afirmação de Jesus que diz: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (Jo. 8, 12). Jesus Cristo é o Sol que nasce para iluminar as vidas daqueles que se aproximam d’Ele.
Mediante isto, também fica fácil de entender porque Lucas enfatiza Jesus como o Sol que vem para iluminar a humanidade: Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas (Lc. 2, 78-79).
Jesus é a verdadeira luz que vai iluminar no templo os que lá estão. Ele como a nova luz do mundo manifesta sua ação libertadora, tirando o povo da escravidão que jazia nas trevas como os judeus que são excluídos e maltratados pelas autoridades de seu tempo. Ora, é justamente o que acontece no templo em vez de acontecer a grande manifestação de amor a Deus e ao próximo, no entanto, acontece um julgamento e desta vez encontramos uma mulher, pega em adultério sendo julgada pelas autoridades os escribas e fariseus.
Mas fica para nós uma indagação e o homem que adulterou com ela, afinal ninguém adultera sozinho, onde ele estava? Sabemos que para acontecer tal pecado (o adultério) é necessário outro pecador e neste caso um homem, este era favorecido pelos hábitos dos maus costumes da sociedade e a culpa só sobrava para a mulher.
No entanto, a mulher pecadora é apresentada diante de Jesus e da multidão com a devida ação de colocá-la ao ridículo da humilhação. Será que os escribas e fariseus estavam só interessados realmente em condenar aquela mulher pega adultério, ou tinha outro interesse maior? Contudo, tal interesse de querer saber a posição de Jesus Cristo sobre o caso era de colocá-lo à prova com o devido propósito de pegá-lo num erro também para condená-lo junto com a mulher segundo a Lei de Moisés.
Na verdade o interesse deles não era de condenar a mulher, mas de ver a posição de Jesus sobre o pecado cometido por ela, mas certamente eles iriam apedrejá-la se Jesus não tivesse a protegido sabiamente. Vejamos como o doutor da Lei se dirigiu a Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso? (Jo. 8, 4). O mais importante foi como o Senhor Jesus Cristo respondeu: Quem de vocês não tiver pecado que atire a primeira pedra (Jo. 8, 7).
Naquela época a mulher não sabia o que era viver uma vida digna, o que era ser uma mulher realmente valorizada e respeitada. As mulheres e principalmente as marginalizadas da sociedade não tinha direito a nada, mas só fazeres, vivia sob o julgo do pensamento machista da época, por isso Jesus faz questão de dizer: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Vai e não tornes a pecar. (Jo. 8, 10-11) Jesus é a luz que ilumina nossas vidas, devolve-nos a nossa dignidade, por isso é preciso seguir esta luz para que não caiamos no julgamento dos filhos das trevas.
Os filhos das trevas os juízes da vida alheia tentaram colocar Jesus Cristo a prova diante de uma situação difícil, formulando uma pergunta maliciosa, sob o escudo da Lei de Moisés. No entanto, Jesus se inclina diante de todos onde para muitos, este ato feito por Ele é uma forma de mostrar a cada um de nós sua paciência diante de nossas faltas. Ele nos ensina que não devemos nos precipitar com critérios de julgamento para querer condenar os nossos próprios irmãos.
O que precisamos exercitar em nós antes de analisar os erros dos nossos irmãos com os nossos preconceitos às vezes provocando atitudes de violência e de desarmonia é dar uma nova oportunidade de recomeço para aquele que se encontra no pecado. A atitude de Jesus é justamente o que nós deveríamos fazer ao invés de julgá-la, Jesus lhe dar uma nova oportunidade de recomeço. Com isto ao perdoar a mulher adúltera Jesus reintegra a pessoa pecadora.
O Evangelista João quer nos mostrar que através do ato de Jesus Cristo a mulher é dignificada. Por tanto, irmãos Jesus é a Luz que denuncia a discriminação existente sobre a mulher, pois as autoridades julgavam apenas uma das partes envolvidas no pecado de adultério.
Por fim, mais uma vez Jesus mostra que a pessoa humana está acima de qualquer Lei. Os homens não podem julgar e condenar, porque nenhum deles está isento de pecado. O próprio Jesus não veio para julgar: Vocês julgam como homens, mas eu não julgo ninguém, pois o Pai não quer a morte do pecador, e sim que ele se converta e viva (Ez 18, 23.32).
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