PROFETA AMÓS
Não se sabe nem em que ano nascera o profeta, nem o ano de sua morte. Os dados seguros tocam somente ao seu lugar de origem (Técua, cidade que dista 18 km de Jerusalém) e sua profissão (pastor e cultivador de sicômoros) e que é considerado o primeiro profeta a escrever sua mensagem profética. A origem camponesa de Amós influenciará na sua atividade profética: não gosta de abstrações, faz uso de uma linguagem concreta, cheia de natureza e de força; não gosta de meias medidas, por isso, ele sempre se apresenta com severidade e é sempre muito incisivo e enérgico.
Amós a pesar de exercer sua atividade profética no Reino do Norte, sua origem é judaíta. O nosso profeta é um homem informado sobre certos acontecimentos dos países circunvizinhos, homem profundamente conhecedor da situação social, política e religiosa de Israel.
A grande maioria dos comentadores é unânime em afirmar que o chamado do profeta situa-se entre os anos 760-750. Muitos afirmam também que sua atividade profética não fora muito longa, mas que ele tenha pregado durante semanas ou meses e em diversos lugares: Betel, Samaria, Guilgal.
II – AMBIENTAÇÃO HISTÓRICA
Amós é arrancado de sua terra (7,15) pela potência da Palavra de Yahweh (3,3-8) para exercer seu ministério profético no Reino do Norte no período de Jeroboão II (787-747) em torno de 760-750.
Durante o período deste monarca conheceu-se em Israel um tempo de prosperidade, visto somente no tempo de Salomão e um fluxo comerciário com a Arábia, a Fenícia, com o mar Vermelho e com as minas de cobre da Arabá. A população atinge a sua maior densidade neste século. Mas toda essa estrutura desembocou numa DECOMPOSIÇÃO SOCIAL. E atrelada a esta, surgira também à CORRUPÇÃO RELIGIOSA.
DECOMPOSIÇÃO SOCIAL:
*Contraste irrefreável entre ricos e pobres. Onde ricos habitavam em edifícios esplêndidos e luxuosos (dupla casa). Os ricos bebem vinho em abundância entre outros comportamentos desordenados que são frutos de corrupção, violência e roubos (6,6;4,1). Os pobres, que são a grande maioria populacional, vivem na miséria e são explorados, e muitos são vendidos como escravos.
CORRUPÇÃO RELIGIOSA
*Apesar dos grandes santuários funcionarem plenamente, repletos de adoradores, a religião não se mantinha pura. Muitos destes santuários eram visivelmente gentílicos e promotores dos cultos de fertilidades e da prostituição sagrada. Os santuários javistas não propiciavam a verdadeiro culto, mas tentavam aplacar a divindade com ritos e sacrifícios que garantiam a tranqüilidade de consciência e o bem-estar do país.
*A religião israelita apegava-se a uma falsa segurança e um complexo de superioridade, pois achavam-s detentores dos benefícios de Yahweh no passado (eleição, libertação do Egito, aliança no Sinai etc). A aliança com Yahweh converteu-se em letra morta, era recordada durante as celebrações litúrgicas, mas sem a mínima preocupação com uma experiência performativa, ou seja, que passasse pela vida. Amós não é contra o culto em si, mas contra o ritualismo externo.
Nesta situação de prosperidade econômica e estabilidade política, de desigualdades sociais e injustiças, de gentilismo e de corrupção da religião israelita, aparece o primeiro profeta com obra escrita: Amós.
III – DIVISÃO DO LIVRO E A MENSAGEM
A divisão do livro de Amós destaca-se pela sua estrutura clara e homogênea. Visto isto, os textos agrupam-se da seguinte maneira:
1. ORÁCULOS CONTRA AS NAÇÕES (caps. 1-2);
Quando o profeta denuncia os pecados das outras nações não faz alusão explícita à experiência exodal, mas muito mais ao direito dos povos, a uma espécie de DIREITO INTERNACIONAL, assegurando a pessoa humana uma constante dignidade. Amós proclama direitos essências do homem: 1. a viver, mesmo se derrotado na guerra; 2. a permanecer na própria pátria e não ser vendido como escravo ou deportado; 3. respeito das alianças de irmãos; 4. à paz entre as nações de confins; 5. respeito pelas mulheres e pela vida que trazem no ventre; 6. respeito para com os mortos, mesmo se inimigos.
2. ORÁCULOS CONTRA ISRAEL (caps. 3-6;8,4-14;9,7-10);
A mensagem destes oráculos perpassa duas linhas: primeiramente a denúncia de uma sociedade que oprime os pobres, com uma religiosidade de fachada, que não toca a vida. A outra linha é uma mensagem que alerta sobre a necessidade do retorno a Yahweh para poder evitar o castigo, um retorno formulado por três verbos: conhecer (3,2); retornar (4,6.8.9.10.11); e procurar (5,4.614).
3. FRAGMENTOS DE HINOS (4,13;5,8;9,5-6);
4. CINCO VISÕES: gafanhotos, seca, o fio de prumo, o cesto de frutos maduros e a queda do Santuário (7,1-9;8,1-3;9,1-4). As duas primeiras visões prevêem a indulgência de Yahweh. Da terceira em diante, não existe mais possibilidade de fuga.
5. ORÁCULOS FINAIS DE SALVAÇÃO (9,11-15).
Trecho inserido pelo redator final, na tentativa de apresentar também uma esperança concreta, até então mensagem excluída pelos capítulos precedentes. Tais oráculos apresentam promessas que anunciam a restauração do reino davídico, de um bem-estar material e da permanência constante na terra (sinais concretos de que Yahweh não abandona seu povo, conduzindo-o a um futuro de shalom (plenitude de vida).
O profeta Amós ao longo de sua mensagem busca levar o povo escolhido por Yahweh, a prática do DIREITO e da JUSTIÇA. Pois Yahweh é um Deus justo, ou seja, sempre capaz de tomar a defesa do pobre e do oprimido. Toda a estrutura de miséria e de injustiça fora montada porque se absolutizou o bem-estar como escolha fundamental para a existência: isto significa excluir Deus do horizonte da própria vida (senhorio de Deus).
O tema do castigo é repetido ao longo de todo o livro como motivo condutor insistente; Amós não limita-se ao anuncio do castigo, mas explica ao povo o que o motivou. E para tanto, denuncia uma série de pecados concretos: o luxo, a injustiça, o falso culto a Deus e a falsa segurança religiosa. E no que toca a esse último pecado, o povo esperava a vinda do “dia de Yahweh” como um dia de luz e de resplendor, onde seriam salvos e superiores as demais nações.
FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.
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