QUEM FOI O PROFETA JEREMIAS?

PROFETA JEREMIAS

I – VIDA       

            Jeremias nasceu por volta do ano 650 a.C. no vilarejo Anatot (distante 6 km de Jerusalém). É o profeta que apresenta mais detalhes sobre sua vida; a sua atividade profética fora muitas vezes confundida com a sua vida, diferentemente dos outros profetas. Jeremias não se limitou a transmitir somente a Palavra de Deus, transmitiu ao mesmo tempo a sua palavra, as suas dúvidas, inquietações e medos (1,6).

            O Profeta Jeremias era filho de Helcias (1,1), um dos sacerdotes residentes em Anatot. Àquele desenvolveu sua atividade profética no Reino de Judá.

II – AMBIENTAÇÃO HISTÓRICA  

         A vida do profeta abrange dois períodos muito distintos, períodos estes separados pelo ano de 609, data da morte do rei Josias. Os anos pregressos a 609 são marcados pelo otimismo da independência política, onde esta abre passagem para o progresso crescente e também para a reforma. Já os anos posteriores a 609, inauguram um rápido declínio; Judá se verá dominado, primeiro pelo Egito, depois pela Babilônia.        

            As autoridades e o próprio povo por não quererem obedecer a Yahweh, que fala pela boca do profeta, insistem nas injustiças sociais e na prática de uma nova corrupção religiosa. Dado isso, sucumbem no ano 586, quando na ocasião, Jerusalém é tomada pelos babilônios e o Reino de Judá desaparece categoricamente da história. O profetismo jeremisiano só é claramente compreensível a partir do entendimento destes dois períodos.

            Os monarcas que subiram ao trono de Judá nestes dois períodos são:

1. AMON (642-640);

2. JOSIAS (640-609);

3. JOACAZ (3 meses);

4. JOAQUIM (609-598);

5. SEDECIAS (597-586);

6. JECONIAS (3 meses).

III – ATIVIDADE PROFÉTICA

            Jeremias recebe o seu chamado profético no ano 13 do reinado de Josias; parece que na ocasião era muito jovem ((1,4-10). O seu ministério profético consistia em “arrancar e destruir, exterminar e demolir, construir e plantar” (1,10).

            Durante o segundo monarca posterior a Josias, ou seja, durante o reinado de seu filho Joaquim (609-597) reinaugura-se uma política tirânica e uma reintrodução de formas idolátricas, que haviam sido abolidas na reforma religiosa. Durante este período, Jeremias aplica-se à denúncia dura contra: O ESQUECIMENTO DE DEUS E DA SUA PALAVRA; O FALSO CULTO; A FALSA SEGURANÇA RELIGIOSA; IDOLATRIA (BAAL E MOLOC); AS INJUSTIÇAS SOCIAIS; O PODER DO DINHEIRO E AS FALSAS SEGURANÇAS HUMANAS. Segundo Jeremias, os principais culpados de tais pecados e do distanciamento do povo de Deus são: AS PESSOAS IMPORTANTES; O REI; OS FALSOS PROFETAS E OS SACERDOTES.

IV – DIVISÃO DO LIVRO E A MENSAGEM

            O esquema clássico de divisão do livro de Jeremias segue o esquema semelhante ao de: AMÓS – ISAÍAS – OSÉIAS E EZEQUIEL:

1. ORÁCULOS DIRIGIDOS AO POVO DE DEUS (JUDÁ E JERUSALÉM);

2. ORÁCULOS CONTRA AS NAÇÕES ESTRANGEIRAS;

3. ORÁCULOS DE SALVAÇÃO E FELICIDADE;

4. NARRAÇÕES BIOGRÁFICAS SOBRE O PROFETA.

            A mensagem jeremisiana faz-nos entender em linhas gerais que Deus é Aquele que decidiu intervir na história concreta de seu povo em vista de uma purificação, por meio do castigo. Mas a mensagem do profeta não se reduz ao castigo, sua mensagem também é de consolo e esperança.

            O tema principal de toda a mensagem do profeta pode ser resumido com uma palavra: CONVERSÃO. Na primeira parte de sua vida (627-597), a conversão significa denunciar todas as infidelidades a nível social, cultual e político. Na segunda parte de sua vida (597-587), a conversão significa submeter-se aos babilônicos como sinal de aceitação da vontade de Deus, mesmo que Este permita a escravidão e a submissão. E para tal mudança de coração e de mentalidade é necessário TER FÉ.

            O livro profético de Jeremias evidencia dois grandes pecados: A IDOLATRIA (que levou os hebreus à incredulidade e à prostituição) E A INCAPACIDADE DE ESCUTAR A DEUS (que fala pelos acontecimentos históricos pela boca do profeta).